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Enviada em: 26/10/2017

Defini-se como analfabeto funcional o indivíduo que, apesar de conseguir ler e escrever, não é capaz de interpretar o que lê nem de expressar-se bem através da escrita. Diante de tal definição percebe-se que muitos brasileiros encaixam-se na situação descrita. Realmente, o analfabetismo funcional tem sido um problema em nosso país, atuando nas brechas deixadas pelo sistema de ensino e pelo baixo hábito de leitura da população em geral.          Dentro desse contexto, recentes pesquisas realizadas pelo instituto Datafolha revelam que a média de livros que os brasileiros lêem por ano ainda é baixíssima comparada a média dos países desenvolvidos. Essa pesquisa evidência que falta ao Brasil uma cultura relacionada ao hábito de leitura, fato esse que tem contribuído para os altos índices de analfabetismo funcional no país. Nesse aspecto, de acordo com o professor e filósofo Mario Sergio Cortella, o hábito de ler é imprescindível para que o indivíduo adquira capacidade interpretativa de textos além de proeminência na escrita.       Ainda segundo Cortella, as falhas do sistema de ensino público colaboram para que o analfabetismo funcional permaneça sendo um elemento de separação entre aqueles que possuem tal deficiência e a classe dominante, detentora de bens e poderes. No aspecto social essa segregação ocorre pois sem o devido discernimento interpretativo, a pessoa terá maiores dificuldades de se posicionar criticamente na sociedade em que vive e de emitir juízos de valores e questionamentos acerca da ordem vigente. Sendo assim, é de suma importância uma educação escolar que proporcione ao indivíduo as bases necessárias para que exerça, de forma plena, a sua cidadania.             Perante esse panorama em que o analfabetismo funcional tem sido um persistente problema nacional, medidas precisam ser tomadas. Seria interessante que o Ministério da Educação tornasse parte do currículo escolar os projetos para leitura de obras literárias relevantes, promovendo nas escolas debates entre alunos e professores acerca das obras lidas. Ademais, poderia haver a mobilização de entidades do Terceiro Setor, presentes na esfera local, para incentivar o hábito de leitura da população através, por exemplo, da organização de feiras ao ar livre que disponibilizassem livros a baixo custo para a população.