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Enviada em: 26/10/2017

Ao descortinar o século XX, a contemporaneidade, marcada pelo advento do viés democrático e globalizado, permitiu a consolidação do sufrágio universal pela Constituição Federal de 1988, com o direito de voto aos analfabetos, que representavam espessa parcela da população. Paulatinamente, os esforços na educação contribuíram para o aumento dos letrados. No entanto, o posterior afastamento escolar determinou a manutenção do analfabetismo funcional, configurando um problema no Brasil.                   Em primeira análise, é válido ressaltar os reflexos do analfabetismo funcional no Brasil. A esse respeito, relaciona-se a emblemática dificuldade de interpretar textos e operações matemáticas. Esse descompasso entre a leitura e o raciocínio lógico impõe empecilhos no cotidiano do brasileiro, desde a leitura de jornais e notícias na internet, até a esfera profissional, como o entendimento de contratos e planilhas, por exemplo. Segundo dados do Mapa do Analfabetismo do Ministério da Educação, cerca de 30% da população se enquadram no analfabetismo funcional, sendo, destes, apenas 3% iletrados. Destarte, acentuam-se os obstáculos para o pleno desenvolvimento educacional do país.                   Na esteira desse processo, alude-se às fragilidades que sustentam o analfabetismo funcional na sociedade. A princípio, direciona-se para a ausência de perpetuação do hábito de leitura pelos indivíduos, principalmente entre os adultos e idosos. Isso se constata sob a ótica do filósofo Georg Hegel, em que a realidade é um processo histórico, posto que as antigas gerações formaram-se, em média, no ensino básico e, com os anos, perderam o contato com os livros e a leitura diária. Em corolário a isso e diante das expressivas dificuldades de compreensão, ocorre grande resistência na adequação da leitura pelos indivíduos. A título de exemplo, o Mapa do Analfabetismo demonstra que apenas 8% da população domina a leitura e a escrita, contando com mais de 40% de brasileiros alfabetizados com dificuldades.                     Torna-se evidente, portanto, os efeitos do analfabetismo funcional no Brasil. Sendo assim, é primordial que a articulação de alternativas com a responsabilidade compartilhada entre o Poder Público, as escolas e as Organizações não Governamentais (ONGs). O Ministério da Educação, em parceria com as escolas, devem propor encontros da comunidade semialfabeta em salas de aulas e em horários flexíveis, com o suporte profissional de psicopedagogos, professores alfabetizadores e psicólogos, a fim de propor práticas semanais de leitura, interpretação e diálogo. Para isso, é preciso vincular propagandas de incentivo à leitura diária, bem como visitas coletivas às bibliotecas. Como complemento, as ONGs devem estabelecer projetos sociais, em nível domiciliar, com a atuação de professores voluntários na otimização dos hábitos e da interpretação. Assim, promove-se a educação em prol da cidadania e equidade.