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Enviada em: 03/10/2019

Zuzu Angel, artista brasileira, enfrentou, no período militar, o drama de muitos indivíduos nos dias atuais: o desaparecimento de entes queridos. Na época, seu filho ficou desaparecido até que fosse provada a morte pela ação de ditadores. Contudo, hoje, há um grande desconhecimento do paradeiro de desaparecidos no Brasil. Tal fato é fruto, sobretudo, da inoperância governamental em ampliar políticas públicas na busca por pessoas desaparecidas e da ignorância por parte da sociedade em reconhecer a urgência desse fenômeno social.     Em primeiro plano, o número de pessoas desaparecidas cresce devido à letargia estatal, a qual impede a legitimação desse problema. Segundo dados da Rede Brasil, a cada oito horas, 190 pessoas desaparecem no país. Somado a isso, oitenta por cento desses desaparecidos são mulheres, sendo a maioria delas, pobres. Nesse contexto, nota-se o descaso do Poder Público que somente neste ano apresentou uma política nacional sobre o assunto. Quiçá, tal inoperância se deve ao fato de que a maioria desses indivíduos é negra e pobre - justamente os mais vulneráveis socialmente. Assim, como afirmou a filósofa Djamila Ribeiro, tanto o Governo quanto a Mídia se retratam, em questão de problemas sociais, seletivamente, haja vista a certeza de que a comoção não atinge de forma igual homens e mulheres, brancos e negros e ricos e pobres.    Ademais, a sociedade tupiniquim encontra-se ignorante acerca da urgência da questão das pessoas desparecidas no Brasil. Isso porque a repercussão do desaparecimento não atinge aqueles cujos entes não se encontram desaparecidos, o que configura ausência de alteridade pelos brasileiros. Além disso, a hiperbólica cultura brasileira (a qual exagera símbolos como o futebol e ofusca a educação política) contribui para tal cenário de ignorância, posto que se faz necessária a mentalidade aristotélica de bem comum - em que a política deve existir para garantir o bem estar social de todos - alcançada com efetiva educação política.    Portanto, a ampliação de políticas públicas na busca por pessoas desaparecidas urge nos âmbitos político e social. Sendo assim, com o intuito de atenuar esse infeliz fato, o Ministério da Justiça, em parceria com o Google Play, deve adicionar às plataformas digitais a conscientização desse problema, mediante um aplicativo que contenha o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. Desse modo, o brasileiro, tendo em mãos o "app", é capaz de promover um possível reencontro. Paralelamente, as Secretarias de Segurança estaduais devem ofertar centros especializados sobre desaparecimento, por meio da criação de delegacias e centros de inteligência preparados para esse problema. Destarte, tal hiato reverter-se-á, tornando o Brasil um país mais justo e mais seguro para todos.