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Enviada em: 14/05/2019

Com o encarecimento dos meios de cultura e lazer somado a uma rotina cada vez mais apressada, a pirataria tornou-se opção viável para a maior parte da população brasileira. Dessa forma, é mais interessante destacar que o hábito de consumir ou disponibilizar cópias ilegais é a própria consequência de uma sociedade com a cultura restringida ao poder financeiro e sua nova dinâmica temporal.    Em primeira instância, apesar de ser ilegal, é inviável que as massas consumam produtos originais devido aos preços superiores à renda média do Brasil. Consoante às análises de Adorno e Horkheimer, sociólogos alemães, a indústria cultural é ferramenta importante de lucro e difusão de ideias das classes dominantes. Entretanto, a restrição de cinemas, teatros, CDs e DVDs originais também faz parte de um projeto de marginalização inevitável pela lógica mercadológica e incompatibilidade de poder de compra. Dessa forma, em qualquer cidade média pode ser encontrado diversos comerciantes ambulantes vendendo de roupas a filmes: mercado que só se sustenta pela criação de consumidores excluídos do linha de entrega produtiva da cultura.   Ademais, a rotina de um trabalhador nas grandes metrópoles pode disponibilizar pouco tempo para passeios aos centros culturais, sendo mais vantajoso assistir aos filmes e séries em casa. Facilmente, qualquer pessoa com acesso a internet pode baixar músicas e livros sem sair, com conforto físico e financeiro. Conforme Zygmunt Bauman, a industrialização alterou as relações do indivíduo consigo, com os outros e com o tempo. Por isso, é natural que as grandes massas não contribuam monetariamente para a produção cultural e, ainda no pensamento da Escola de Frankfurt, consumam produtos que sirvam ao lazer, sem a reflexão crítica da realidade social.   Portanto, os prejuízos desse comportamento deve ser repensado com as considerações das desigualdades sociais que existem no país. Nesse sentido, o Ministério da Educação e Cultura, em união às plataformas de "streaming" (Netflix e Spotify são exemplos), devem construir o projeto "Inclusão Digi-cultural". Para alcançar o público-alvo consumidor, essas plataformas virtuais de filmes, séries, músicas e textos são perfeitas para terem acessos distribuídos aos cidadãos de baixa renda por meio de subsídio governamental renovado anualmente. Eficientemente, as pessoas não precisariam sair de casa e, ao consumir os produtos, contribuiriam para o pagamento de direitos autorais. Finalmente e, só ao garantir o acesso à cultura, o Brasil poderá combater a pirataria de modo inclusivo e inovador.