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Enviada em: 24/06/2018

Ao longo do processo de desenvolvimento da sociedade contemporânea, o progresso do meio técnico-científico-informacional permitiu que a medicina avançasse no estudo de disfunções mentais, com destaque para os distúrbios de aprendizagem, sobretudo, nas últimas décadas. Tais condições são notáveis principalmente durante a infância, fase que a avaliação do desempenho escolar é fundamental para o diagnóstico precoce. Entretanto, grande parte das crianças com distúrbios de aprendizagem vivenciam dificuldades potencializadas pelo próprio ambiente escolar, seja pela discriminação dos colegas, seja pela pífia capacitação pedagógica.        É indubitável que o bullying está intrinsecamente ligado à questão da inserção escolar de pessoas com transtornos de aprendizagem. As frequentes notas baixas e a própria dificuldade de socialização gerada por transtornos como o TDAH propiciam a formação de um ambiente caracterizado pela discriminação e brincadeiras que favorecem o desinteresse de tais crianças pela escola. Contudo, segundo a filósofa alemã Hannah Arendt, as raízes desse preconceito não são inerentes à natureza humana, mas sim a uma falha moral causa pela falta de esclarecimento. De maneira análoga, é possível perceber que a desinformação sobre os transtornos está entre as origens da problemática citada. A educação e instrução da população é, desse modo, imprescindível para que o ambiente escolar torne-se propício às crianças com transtornos de aprendizagem.        Outrossim, deve-se pontuar o papel da capacitação pedagógica dos professores no que tange ao problema. A desinformação teórica e a ausência de instrução prática na própria formação geram um ambiente escolar de conflitos entre o aluno e o profissional da educação, que corrobora ainda mais na dificuldade de aprendizagem. A hiperatividade e a falta de concentração são repreendidas com medidas corretivas errôneas na própria sala de aula, o que potencializa também o preconceito dentro da escola.        Entende-se, destarte, que as dificuldades de crianças com distúrbios de aprendizagem são amplificadas por fatores com origens socioculturais e pedagógicas. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve inovar a grade curricular nacional dos cursos de pedagogia com uma maior carga horária dedicada à educação de crianças com distúrbios de aprendizagem, assim como proporcionar palestras com psiquiatras infantis aos profissionais da educação já formados. Concomitantemente, ONG’s como a AVANTE-Brasil podem distribuir, nas maiores cidades, livretes educativos elaborados também por psiquiatras, que esclareçam a condição desses distúrbios, com intuito de eliminar esse preconceito instalado na sociedade. Desse modo, tais dificuldades serão minimizadas ao longo do tempo.