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Enviada em: 27/06/2018

Na concepção tradicional de escola, construída ao longo do século XVIII, o aluno foi visualizado como alguém que deve se adaptar aos ditames da instituição, fator responsável por formar extensa massa de excluídos. Ainda hoje, o intento de considerar níveis distintos de aprendizagem esbarra em impeditivos sistemáticos e estruturais. Assim, urge esclarecer tais mecanismos a fim de que, superando-os, seja possível, verdadeiramente, congregar as variadas realidades no espaço escolar.    Em primeiro lugar, convém mencionar as nuances do modelo instrucional que fomentam a negligência para com discentes especiais. Consoante a Paulo Freire, as atuais instituições de ensino difundem uma educação bancária, a qual menospreza experiências pessoais do estudante e institui apenas conteúdos de forma estática. Nessa perspectiva, pelo molde a tais proposituras, são delimitados arquétipos de estudantes promissores - que alcançam elevadas notas -, legando ao estigma de inutilidade aqueles que possuem formas diferentes de apreensão do saber.    Ademais, é importante analisar o âmbito estrutural da problemática, cujas falhas latentes impedem avanços no ensino. A escola, no ponto de vista antropológico, é organismo fundamental para a formação dos valores individuais, assim como vital célula de socialização. No entanto, o ambiente que deveria se apresentar como enriquecedor é, muitas vezes, espaço que potencializa injúrias. Sem preparo adequado ou conhecimento específico para recepcionar as diversidades, professores - e mesmo os demais alunos - corroboram estereótipos de invalidez para portadores de distúrbios de atenção.     Torna-se evidente, portanto, a necessidade de discutir com mais profundidade as ramificações de tão abrangente temática. Faz-se imperioso, nesse sentido, que a estrutura escolar seja adaptada às particularidades de seus integrantes, não mais o oposto. Para tanto, é fundamental que o Ministério da Educação, em parceria com as Secretarias Estaduais dessa seara, implantem planejamentos de longo prazo que invistam na formação continuada dos docentes. Nesse ínterim, cabe realizar cursos periódicos, com espaços anuais, que atualizem o funcionário sobre técnicas psicopedagógicas, oportunidades nas quais serão realizadas aulas teóricas, palestras e produções científicas para potencializar os debates. Ainda, é importante que haja no plano institucional o destacamento de psicólogos, cuja participação deve ocorrer no acompanhamento específico e na informação aos professores sobre quais métodos devem ser instituídos em cada caso. Dessarte, será tangível legar a educação em seu mais profundo sentido etimológico: tornar elevado.