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Enviada em: 27/10/2018

O ambiente escolar deveria ser um microcosmo da sociedade que almejamos para o futuro: simultaneamente diversa, integrada, eficiente e feliz. No entanto, o que se constata é diametralmente oposto, devido a um modelo educacional de baixíssima qualidade e extremamente defasado, que não integra todos os indivíduos com suas diversas especificidades, fomentando suas inclinações e permitindo sua autorrealização e felicidade. Isso impacta especialmente aquelas que sofrem com distúrbios de aprendizagem ou possuem inclinações profissionais menos convencionais. Tal quadro, segundo estudos recentes, abarcaria cerca de 70% da população brasileira, configurando-se como uma mazela social de vasto alcance e que demanda imediato equacionamento.       Essas pessoas carregam os distúrbios e especificidades desde o nascimento e, devido à falta de informação generalizada, muitas vezes são alvo de preconceitos, incluindo da própria família, que interpretam os distúrbios como "falta de esforço" ou "preguiça". Os transtornos se acentuam conforme se avança na trajetória escolar, permitindo mais facilmente o diagnóstico, mas inibindo uma melhora mais substantiva e causando grave prejuízo ao desenvolvimento pessoal.        Contudo, dada a precariedade e obsolescência do modelo educacional brasileiro, mesmo em fase escolar adiantada o apoio oferecido pelas escolas é, em geral, tímido e incipiente. Com abordagem pedagógica pouco pormenorizada, não só os inúmeros distúrbios e suas peculiaridades como também as habilidades ocultas de cada aluno são relevadas, prejudicando mais uma vez o tratamento dos distúrbios e o pleno desenvolvimento dos diferentes potenciais dos alunos, em franco choque com a moderna e influente Teoria das Múltiplas Inteligências, do psicólogo Howard Gardner.       Destarte, é fundamental que se ataque o problema integrando-se os âmbitos escolar, médico-psicológico e familiar. Primeiramente, os transtornos de aprendizagem devem ser alvo de ampla campanha de conscientização, por parte do poder público, escolas, serviços de saúde e mídia, com a divulgação de peças publicitárias em rádio, TV, Internet e espaços públicos, visando à identificação mais precoce dos distúrbios, principalmente por parte da família. Ademais, necessita-se que os poderes Legislativo e Executivo instituam currículos mais personalizáveis, com base em ampla gama de atividades e disciplinas e orientação pedagógica pormenorizada, incluindo atendimentos psicológicos vinculados a unidades de saúde próximas. Essas políticas aproximariam a Educação, o microcosmo da sociedade, dos anseios mais profundos de cada cidadão, garantindo maior felicidade a todos.