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Enviada em: 20/07/2018

Quando a pátria amada o renega                                                                O atual cenário das políticas humanitárias internacionais é desolador, vê-se uma crescente onda de princípios conservadores e nacionalistas a se alastrar mundialmente, com líderes de "grandes democracias", como Donald Trump, referindo-se a estrangeiros como animais. A crise de refugiados emerge nesse panorama tóxico e xenófobo como caso de difícil resolução, onde se faz preciso rememorar as pessoas algo básico como a sensibilidade.        Primeiramente, a definição de refugiados está em aqueles que migram de forma forçada por risco à vida, seja decorrente de guerra ou perseguição. Se faz preciso assimilar isto para compreender minimamente a realidade de quem se submete a tal processo migratório. Desde 1951, na Convenção de Genebra, ficou acordado que os países concederiam abrigo a quem estivesse em tal situação, já que ao fim da 2ª Guerra Mundial observou-se uma explosão no número de pessoas em busca de asilo em outros territórios. A nível de comparação, é assombroso perceber que a crise que ocorre hoje na Síria já é a maior desde aquela de 1945, com mais de 5 milhões de pessoas deixando sua pátria (dados da Organização das Nações Unidas), estando a maioria esmagadora deslocada pelo oriente médio, entre a Turquia, Líbano, Iraque e Egito; a parte que chega à Europa é mínima -e a única reportada nos jornais ocidentais-.        Além disso, mesmo após todo o transtorno em deixar todas as suas conquistas para trás, é estarrecedora a forma desumana como estes imigrantes são tratados aos adentrar as fronteiras de um novo país ao buscar um lar. Por diversas vezes são vistos como ameaças por pessoas que tem uma adulação míope pela tradicional cultura classista e branca europeia, que falham em perceber que as diferenças ensinam e acrescentam. A busca pelo próprio lugar no mundo não há de ser tão dificultosa, recordar o passado se faz necessário, entendendo que os ascendentes da grande maioria já foram migrantes em alguma época.        Por fim, é imprescindível que a população nativa dos territórios que acolhem refugiados enxergue que todos têm o direito de estar ali e auxilie no processo de transição, ao perceber que o choque de cultura não é unilateral. Aos governos cabe manter as fronteiras abertas e prover condições de estabilidade, além da aplicação de políticas de inclusão na sociedade, como incentivos a entrada dos adultos no mercado de trabalho e amparo à educação infantil. Como exemplo neste âmbito se tem o Brasil, que incluiu famílias de refugiados em programas sociais como o Bolsa Família. Entender o passado é um dom, para que se tenha menos refugiados, guerras precisam acabar.