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Enviada em: 09/10/2018

Diante da participação de um imigrante sírio no programa Big Brother Brasil de alta audiência televisiva, a discussão a respeito dos refugiados no Brasil ganhou grandes proporções. Apesar da cordialidade cultural, ações como a indiferença e o preconceito dos cidadãos impedem o pleno acolhimento desses indivíduos que necessitam de um novo lar. Por isso, faz-se ímpar o debate dessa problemática enquanto inviabilizadora do lema “ordem e progresso” estampado na bandeira brasileira.  A priori, a falta do senso de alteridade contribui para a indiferença dos civis com os estrangeiros. Segundo o educador Rubem Alves, existe uma clara diferença entre as instituições no que tange ao desenvolvimento da criticidade, dado que “há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”. Com o acirramento dos vestibulares, o ensino “gaiola” tem priorizado as matérias Exatas, em detrimento daquelas de viés humanitário. Nesse sentido, são formados cidadãos sem criticidade, a qual é ímpar para o engajamento de políticas públicas de acolhimento. Um exemplo do descaso é a ausência de políticas para atendimento daqueles que não falam português no Sistema de Saúde. Dessa forma, os fugitivos de países instáveis são novamente marginalizados por não terem amparo social .   Outrossim, o preconceito cultural é um entrave à cidadania dos imigrantes. De acordo com a teoria “Racismo Cordial”, o sociólogo Florestan Fernandes desconstrói a ideia de existência de uma democracia racial no Brasil, haja vista a perpetuação de atitudes racistas  de maneira velada. Tendo em vista que grande parte dos refugiados serem oriundos da África subsaariana, muitos não conseguem abrigo e contratação para atividades laborais por serem negros. Nessa perspectiva, devido a um pensamento irracional, humanos os quais já sofriam ameaças nos países de origem continuam tendo seus Direitos Humanos desrespeitados, na medida em que não são tratados de forma igualitária no Brasil.  Portanto, a falta de habilidades empáticas e a banalização do racismo são entraves à cidadania dos refugiados. Para mudar isso, Ongs de viés humanitário poderiam realizar campanhas nas redes sociais para pressionar as Secretarias Municipais de Saúde a contratarem tradutores, os quais atuariam nos hospitais públicos, com intuito de tornar universal o atendimento de profissionais da saúde aos imigrantes. Ademais, cabe às Instituições de Ensino investirem recursos financeiros em projetos teatrais, nos quais os alunos interpretem personagens de minorias sociais a fim de desenvolver o senso crítico entre eles e formar cidadãos com mais alteridade e livres de pensamentos racistas. Certa feita, o resgate de preceitos democráticos legitimaria, finalmente, o lema de “ordem e progresso” da bandeira brasileira.