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Enviada em: 24/10/2018

O filme estadunidense "A boa mentira" narra, com detalhes, o acolhimento de um grupo de refugiados por uma assistente social norte-americana. No que tange a realidade hodierna, nota-se que tal recepção não é devidamente efetivada na maioria dos países, seja pela falta de infraestrutura, seja pela inércia da própria sociedade. Diante disso, convém analisar as principais consequências de tal postura negligente para os exilados.   Sob esse viés, é preciso entender que tal questão está intimamente ligada ao aumento da precariedade social. De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), 85% dos exilados estão em países emergentes que, por sua vez, já possuem baixos índices de desenvolvimento humano. Destarte, a falta de condição financeira e as más condições de trabalho encontrada nos locais de abrigo dão a esse grupo uma única alternativa: a ocupação de áreas inviabilizadas e alojamentos provisórios. Diante disso, a falta de higiene e de condições sanitárias, seguida da proliferação de doenças e epidemias, resulta na superlotação dos hospitais. Dessa forma, é notória a intensificação da crise dos serviços públicos e a ciclicidade desses impactos.   Outrossim, a escassez de ajuda humanitária é consequência do individualismo intrínseco na sociedade atual. Consoante ao pensamento do sociólogo Émile Durkhein, a solidariedade orgânica, típica do capitalismo, provocou o afastamento da consciência coletiva e o aumento de interesses pessoais distintos. Somando isso à modernidade líquida proposta pelo filósofo Zygmunt Bauman, em que os vínculos humanos são rompidos e substituídos pelo isolamento social, percebe-se a notoriedade do enfraquecimento da solidariedade e da insensibilidade em relação ao sofrimento de pessoas que saem de seus países, expulsas pela fome, guerra e miséria. Dessa maneira, a falta de integralidade e de apoio aos refugiados evidencia o egoísmo das pessoas. E, se não há conscientização e mobilização sobre isso, o acolhimento a tal grupo se tornará cada vez mais escasso na sociedade.   Diante do exposto, nota-se as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos exiliados. Na tentativa de amenizar essa situação, a ONU, em conjunto com os países receptores, precisam se preocupar com as condições de vida dos refugiados, mediante a construção de alojamentos com condições sanitárias adequadas e da vacinação, de modo que diminua a proliferação de doenças e evite a superlotação dos hospitais. Além disso, a mídia deve conscientizar os indivíduos sobre tal problemática, por meio de campanhas televisivas, a fim de estimular a sensibilização e, consequentemente, o apoio a esse grupo. Dessa forma, com a solidificação das relações, o acolhimento se tornará mais efetivo, e a liquidez de Bauman não será mais uma realidade.