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Enviada em: 13/04/2019

O romance "Vidas Secas" de Graciliano Ramos, retrata a jornada de uma família de flagelados da seca em direção a outras regiões onde haja uma melhor condição de vida. Para além da literatura, essa jornada faz parte da vida de de milhões de pessoas, em escala global, que buscam refúgio em outros países, haja vista que os seus estão mergulhados e caos civil ou confrontos armados. Desse contexto, emerge-se discussões de base social, política e econômica acerca do acolhimento desses grupos e, mediante esse ponto, deve-se adotar uma postura de hospitalidade e amparo aos refugiados, seja pelo impacto ético e moral, seja devido ao fenômeno social maléfico descortinado pela migração em massa.        Quanto ao primeiro tópico, é válido salientar as consequências morais à sociedade de uma política que se fecha ao acolhimento dos refugiados, como a falta de solidariedade e harmonia entre os membros civis. Para elucidar essa questão, vale trazer o pensamento do filósofo David Hume que inaugura o conceito de simpatia como a preocupação com o bem-estar do outro, com base no compartilhamento de sensações e experiências em comum. Posto isso, países que se fecham ao recebimento de refugiados demonstram uma falta de simpatia na medida em que, a não compreensão da dor do outro em ser forçado a migrar-se leva à situação de flagelo social e envolve os imigrante em uma situação de marginalização e vulnerabilidade social, como é o caso dos mexicanos e dos sírios.        Já em relação ao segundo tópico, é coerente pensar que a dificuldade em ser acolhido em países desenvolvidos desmascara uma nova categoria de preconceito humano. A respeito disso, a filósofa espanhola Adela Cortina, traz o conceito de aporofobia, isto é a aversão à pessoas de baixa renda ou estigmatizadas, de modo a formar esteriótipos e impedir o desenvolvimento e ascensão dessas. Visto isso, a aporofobia está presente na questão dos refugiados a partir da comparação com outros imigrantes que possuem conhecimento técnico ou pertencem às altas classes sociais: uma vez que os primeiros são estigmatizados, os segundos são aceitos e incentivados. Assim, o preconceito infundado expõe o mal da não aceitação da condição do outro e impede o cultivo da solidariedade e cooperação.       A par do que foi exposto, cabe finalizar refletindo propostas que superem as dificuldades do recebimento dos refugiados em escala global. No tocante a isso, é dever da Organização das Nações Unidas, na figura da divisão dos direitos humanos, a criação de um fundo para o desenvolvimento de ações de acolhimento e reestruturação da famílias refugiadas. Tais ações podem ocorrer em parcerias com os países acolhedores, por meio de construção de abrigos, políticas de interiorização ou programas de capacitação profissional de acordo com as normas vigentes dos países. Tudo com objetivo de amenizar o sofrimento dos imigrantes e cultivar a simpatia e a solidariedade.