Materiais:
Enviada em: 14/07/2019

Na obra modernista "Morte e Vida Severino" de João Cabral de Melo Neto o autor discorre sobre a história de um retirante nordestino -Severino- que deixa o sertão devido a seca e migra para o litoral em busca de uma "vida melhor" contudo, depara-se com morte, miséria, desespero e fome. Fora do contexto literário, tal conjuntura manifesta-se devido às dificuldades no acolhimento de refugiados que são permeadas por fatores como  a discriminação secular enraizada em nosso sistema e a ineficiência de politicas públicas que visem dar suporte ao migrante conforme destaca-se na cruel trajetória de Severino.       Em primeiro lugar, nota-se que durante o século XIX na Alemanha Nazista de Hitler o antissemitismo instaurou-se e promoveu a aversão aos judeus que foram subjugados devido a teoria equivocada da eugenia - bem nascido- que colocava-os como inferiores aos arianos esses, por sua vez, considerados uma raça pura. Outrossim, no contexto pós abolição da escravatura ocorreu na África Subsaariana o Apartheid, regime de segregação jurídica que superiorizava os brancos em detrimento dos negros devido ao pressuposto errôneo do darwinismo social análogo à eugenia proposta por Hitler. Ademais, segundo Nelson Mandela, "para odiar o outro é preciso aprender" destacando a enraização social do preconceito ensinado ao longo dos séculos.       Por outro lado, de acordo com a ativista americana Helen Keller, "o resultado mais sublime da educação é a tolerância." Com isso, observa-se que a intolerância acontece quando o papel social da educação está ineficaz. Além disso, segundo a Revista Educação "a exclusão dos refugiados encontra-se cada dia mais latente nas escolas do pais." Desse modo, torna-se fundamental a mobilização estatal acerca das manifestações de hostilidade e ódio contra os refugiados começando pelo âmbito escolar até atingir toda a sociedade brasileira. Pois, conforme Gilberto Freyre " a educação sozinha não muda a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."       Portanto, é mister que o governo federal aliado ao Ministério da Educação (MEC) invista em precautelas que possibilitem o acolhimento eficaz de refugiados, por meio de palestras que objetivem a conscientização dos alunos e cidadãos sobre o legado histórico do preconceito e o uso da educação para vencê-lo. Não obstante, faz-se necessário que tais palestras sejam veiculadas nas páginas oficiais do governo a fim de alcançar o maior número de pessoas. Com isso, conforme proposto por Helen Keller, a partir da educação a tolerância nascerá, os refugiados do contexto hodierno poderão seguir uma trajetória contrária a de Severino  e realmente alcançarão a almejada "vida melhor".