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Enviada em: 15/07/2019

O Documentário “Human Flow: Não existe lar se não há para onde ir” retrata a penosa trajetória de milhões de expatriados que abandonaram seu país de origem em razão do fundado temor pela própria vida. Nesse sentido, a diáspora contemporânea é um desafio humanitário com raízes históricas nas guerras e na intolerância cultural e religiosa propagadas por grupos sectários. Logo, é fulcral o esforço coletivo da comunidade internacional no acolhimento dos refugiados em razão das dificuldades associadas ao avanço da xenofobia, e visando à efetiva garantia do cumprimento dos direitos convencionados no Estatuto dos Refugiados em 1951.    Primeiramente, conforme dados da ACNUR  - Agência das Nações Unidas para Refugiados - atualmente cerca de 70 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar seus lares e cerca de 25 milhões conseguiram obter o status de refugiado legalmente. Isso denota a ineficiência dos países na concessão do refúgio e quando obtido, não proporcionam a integração adequada desses indivíduos em razão da xenofobia. Sob ângulo político, a filósofa Hannah Arendt, alemã, judia e também refugiada a maior parte da vida declara que o homem tem sua humanidade esquecida quando não compartilha da cultura dos que o cercam. Prova disso é o fechamento das fronteiras nos países europeus como forma de conter as migrações em massa, sob o discurso de repúdio ao terrorismo, na verdade pressupõem que seu modo de vida se encontra em ameaçada diante de cultura estrangeira.     Outrossim, a dificuldade no amparo de refugiados é um fato social patológico que deve ser sanado efetivando as disposições contidas no Estatuto dos Refugiados ao considerar que a sociedade é composta primariamente por seres humanos a despeito de questões raciais e de divergências  entre nacionalidades. Para o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada com um corpo biológico e para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Dessa forma, garantir a prestação de serviços de sáude, educação e acesso ao mercado de trabalho para que a permanência dos emigrados não se torne um custo, uma vez que estes também contribuem para o crescimento econômico do país ao pagarem impostos.     É mister, portanto, assegurar o princípio da dignidade da pessoa humana no enfrentamento da atual crise de refugiados. Logo, cabe aos Ministérios encarregados do atendimento humanitário de cada país em parceira com a ONU, desburocratizar a concessão de refúgio - acelerando a obtenção de documentos necessários à permanência, bem como fornecer destinar educadores para o ensino da língua local, oferecendo cursos de capacitação com o objetivo de absorver o contingente de pessoas ao mercado de trabalho com o fito de garantir o exercício da humanidade a nível mundial.