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Enviada em: 12/06/2017

Desastres naturais, conflitos bélicos, perseguições políticas e práticas opressoras de toda ordem continuam a alimentar, em escala global, a crise de refugiados, sem dúvidas um dos pontos mais críticos da atual época. Mesmo diante de necessidades humanitárias inegáveis, ondas nacionalistas de cunho xenófobo mantêm-se firmes no sentido de prejudicar os processos de acolhimento, intensificando sobremaneira o dilema vivido por milhões e deixando clara a imprescindibilidade do debate.     Antes de tudo, mostra-se necessária a definitiva distinção entre imigrante e refugiado, acepções erroneamente associadas pelo grande público. Como consequência da confusão, reais vítimas da penúria humana são tomadas meramente como "pessoas em busca de uma vida melhor", sendo, na visão dos antagonistas, uma ameaça à estabilidade econômica e à cultura de um povo. Disso decorre um primitivo e, nesse caso, danoso instinto de preservação do próprio grupo, sobre a qual se ergue a mais ilegítima das discriminações.     Nesse sentido, para além do acolhimento em si, é indispensável que a atenção global se volte à forma como este se dá. Após sucessivas humilhações por asilo, quase sempre permeadas por aparatos burocráticos contraproducentes, famílias inteiras, incluindo as crianças, são alojadas em instalações, muitas vezes precárias, que se encarregam de destituir o significado da palavra "viver", pondo no lugar a mais parca ideia de sobrevivência.     Torna-se notória, portanto, a primordialidade da efetiva integração dos refugiados ao local de recepção. Nesse processo, a Organização das Nações Unidas (ONU) deve desempenhar o papel deliberativo, ampliando seus programas assistencialistas e organizando e distribuindo os fluxos de pessoas pelas nações. Cabe, por fim, às comunidades dos locais acolhedores, visando à reconstrução da identidade daqueles que a perderam, o reconhecimento da igualdade da condição humana, sob a qual toda e qualquer forma de fronteira artificial perde seu sentido.