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Enviada em: 07/07/2017

Em seu romance de tese "Canaã", Graça Aranha aborda como tema central a imigração alemã no Brasil em uma comunidade de imigrantes, que enfrentam dificuldades relacionadas ao trabalho, adaptação socio-cultural e preconceito. Não obstante da Literatura pré-Modernista, esses obstáculos se refletem na realidade dos refugiados que chegam ao país, uma vez que estes se encontram em uma zona de vulnerabilidade- sem direitos civis e marginalizados.        Esse cenário descende, sobretudo, do preconceito enraizado no país. Na Grécia Antiga, os estrangeiros eram denominados "metecos" e por não possuírem descendência ateniense não podiam votar, logo, não eram considerados cidadãos. Esse sentimento de aversão permeia até os dias atuais e se ilustra na situação dos venezuelanos que chegam ao Brasil. Estes, vivendo uma grave crise econômica, buscam abrigo no Norte, mas o sentimento xenofóbico impede que esse acolhimento seja efetivo.     Corrobora para essa segregação, ainda, a falta de assistência governamental. Esses estrangeiros, além de enfrentarem rígidas políticas imigratórias que os coloca em situações insalubres para se descolarem- travessias que se assemelham ao "Navio Negreiro" de Castro Alves-, ao chegarem no país precisam lidar com a negligência de um governo que não oferece sua integração. Assim, jogados em uma zona de vulnerabilidade, buscam meio de sobrevivência no trabalho escravo, prostituição e são, até mesmo, vítimas de tráfico de órgãos/pessoas.       Depreende-se, portanto, a necessidade de cumprir o princípio de isonomia quanto a essa parcela. Para tal, recai na postura do Governo Federal a garantia dos direitos básicos do Estatuto do Refugiado, oferecendo desde a chegada deles no país um abrigo e identidade. Ademais, através dos seus representantes, a ONU pode atuar oferecendo cursos de língua portuguesa aos imigrantes e incentivos fiscais para empresas privadas que os acolhe, visando ampliar sua inserção no mercado de trabalho. Outrossim, é imprescindível que a mídia não se cale em meio aos preconceitos e exiba programas pautados na quebra de tabus, afim de extinguir o sentimento xenofóbico. Quem sabe, dessa forma, será possível pregar o "eu gosto é de gente", de Clarice Lispector, independente da cor, origem e religião.