Materiais:
Enviada em: 01/11/2017

Sonho ufanista        Na obra pré-modernista “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que, se superados alguns obstáculos, o Brasil projetar-se-ia ao patamar de nação desenvolvida. Hodiernamente, é provável que o major Quaresma desejasse reduzir as dificuldades na aceitação de refugiados, situação lamentável que vigora no país. Além de questões legais, a atual mentalidade da sociedade está relacionada com esse cenário.               Em primeiro lugar, é importante salientar que tal o acolhimento de estrangeiros em situação de vulnerabilidade pode ser positivo ao tecido social brasileiro. Nesse sentido, a Constituição Cidadã, promulgada em 1988, sabiamente expressa que o objetivo da Republica Federativa do Brasil é construir uma sociedade livre, justa e igualitária. No entanto, a política de fronteira fechadas é um empecilho para que tais preceitos sejam alcançados, visto que a negação de ajuda a pessoas em situação de risco não é apenas imoral mais também economicamente prejudicial, pois os refugiados podem contribuir positivamente para o mercado de trabalho brasileiro.              Além disso, influencia exercida pelo meio intensifica esse fenômeno. De acordo com filósofo e psicólogo alemão Kurt Lewin, o comportamento do ser humano é consequência de uma junção entre características pessoais e interferência do ambiente. Por conseguinte, se a mentalidade do grupo tem o poder de interferir nas noções de mundo do indivíduo, não é surpreendente que a xenofobia persista na sociedade brasileira, haja vista que o ideario vigente ainda considera que os refugiados sobrevivem de benefícios governamentais e são terroristas em potencial.               Denota-se, portanto, que acolher os refugiados de maneira digna constitui um sério desafio para o país. Ao Estado, na figura de Poder Executivo, compete a criação do Ministério da Imigração que, por meio de isenções de impostos às empresas contratantes inserirá os refugiados no mercado de trabalho, objetivando assegurar condições dignas a essas pessoas. Paralelamente, as ONGs, importantes aglutinadoras da sociedade, deveram informar a população sobre o tema por meio da distribuição sistematica de cartilhas e panfletos em shows e eventos públicos, com o intuito de descontruir a atual mentalidade dos brasileiros sobre o tema. Assim, com Estado e sociedade civil unindo forças em prol de um país mais justo e humano, o sonho ufanista do major Quaresma estará mais próximo de tornar-se realidade.