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Enviada em: 25/08/2017

As múltiplas ambivalências que as dificuldades do Poder Judiciário no Brasil despertam podem extrapolar a visão de Bauman para a ultramodernidade. Nessa dinâmica, assim como para a matemática euclidiana, dois pontos são necessários para a construção de uma reta, dois tópicos fazem-se necessários para compreender essa realidade: o grande número de processos em andamento e a baixa visibilidade do Poder Judiciário.    Circunscrita à essa realidade, o esfacelamento das estruturas do Poder Judiciário brasileiro é notório, principalmente no que tange ao grande número de processos em andamentos. O Poder Judiciário, apresenta-se, por vezes, com falhas de infraestrutura e uma burocracia exacerbada, levando com que processos de casos simples fiquem à espera de resolução por anos, devido ao grande número acumulado de processos ainda não julgados, gerando desse modo, atraso nas questões judiciais e prejudicando a própria garantia e execução do direito nesses casos. Desse modo, as instituições subordinadas ao Poder Judiciário configuram-se como instituições que perderam, na maioria das vezes, a eficiência em alterar a realidade ao seu redor em tempo hábil, o que Bauman denominou de instituições-zumbi. Assim, rompe-se com as garantias do Welfare State, ou seja, as políticas e instituições que, em tese, garantiriam o bem-estar da população e a deixam desamparada.    Nesse mesmo viés, nota-se a baixa confiabilidade do povo no Poder Judiciário brasileiro. Como já denunciava Lima Barreto, em " O Brasil não tem povo, tem público", os cidadãos brasileiros agem de maneira passiva, sempre apontando os erros e falhas do objeto em questão em uma tentativa de distanciamento do problema. Observa-se assim uma indiferença quanto ao poder judiciário, acreditando que a justiça nem sempre é feita, e quando é, é feita de maneira inadequada ou tardia, em decorrência dos diversos caso noticiados na mídia no dia a dia, e assim as pessoas criam falsos paradigmas em torno do Poder Judiciário, sem conhecer suas realidades diárias. Essa indiferença das pessoas uma com as outras e com as instituições ao seu redor tende a se intensificar quanto maiores os centros urbanos, como já alertava George Simmel, o qual denominou essa indiferença de atitude blasèe.     Em suma, a fim de solucionar as dificuldade enfrentadas pelo Poder Judiciário, cabe ao próprio Poder Judiciário e a mídia alterarem essa realidade. Assim, é necessário que o Poder Judiciário realize mutirões através de pessoas especializadas para agilizar os processos ainda pendentes, aumentando a eficiência nessa conjectura. Juntamente a isso, a ação da mídia na divulgação e promoção do Poder judiciário e suas transformações poderá ser feito por meio de propagandas, auxiliando, desse modo, para que se mostre a real dimensão do Poder Judiciário e suas transformações na vida das pessoas.