Materiais:
Enviada em: 24/08/2017

Campo das letras       Muito papel. Poucos juízes. Muita lentidão. Se para Políbio, a degeneração política de um Estado só é evitada pelo equilíbrio entre os três poderes, certamente ele não poderia imaginar o Sistema Judiciário do Brasil do século XXI. O cenário é amplamente conhecido por todos: uma produtividade tão baixa que não faz jus aos avanços a Constituição de 1988.        Primeiramente, deve-se relacionar a crise do Judiciário ao seu modo de funcionamento arcaico. Apesar da sociedade cada vez mais a incorporar novas tecnologias a seu cotidiano, a Justiça brasileira ainda demonstra certa resistência a essa tendência. Assim, de forma inversamente proporcional, enquanto as pilhas de papéis e pastas só aumentam,  a fluidez de informações necessária para a tomada de decisões só diminui.           É necessário pontuar, ainda, que claramente o país não possui um número suficiente de juízes de acordo a demanda atual. Contraditoriamente, há grande quantidade de profissionais aptos ao cargo, no entanto, não há vagas suficientes para ingresso na carreira. Uma forma de aumentar a velocidade de julgamento dos processos é justamente a contratação de mais funcionários públicos para essa função.        Além disso, com tribunais estaduais para tratarem de quaisquer tipo de causas, é notória a baixa ramificação desse Poder. Falta ao Judiciário a noção fordista de especializar para atingir resultados em prazos mais curtos. Uma divisão ainda maior quanto aos tipos de processos, ou até mesmo por macrorregiões dentro de um mesmo estado, traria benefícios.        Fica evidente, dessa maneira, que uma reforma no Sistema Judiciário brasileiro faz-se necessária a fim de combater sua baixa produtividade. Aliar-se a universidades para elaborar um projeto de informatização e promover mais concursos públicos para as funções de gargalo desse Poder são formas de tentar desafogá-lo. Assim, os avanços da Constituição de 1988 não estarão apenas no campo das letras.