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Enviada em: 19/08/2019

O livro "Holocausto brasileiro", da jornalista Daniela Arbex, conta os horrores do Manicômio de Barbacena, onde eram internados não apenas doentes mentais, mas também pessoas que não eram aceitas socialmente. Diferentemente do livro, atualmente, pessoas excluídas da sociedade não são internadas, mas enfrentam empecilhos para terem acesso à saúde. Dessa forma, a exclusão hodierna remete a preconceitos que impactam a saúde dos brasileiros e permitem que doenças perigosas continuem ameaçando a população, o que demanda medidas para reverter esse quadro.       A princípio, é preciso partir do preconceito contra imigrantes. Sobre esse aspecto, há brasileiros que argumentam que os venezuelanos, por exemplo, não devem ter os mesmos direitos sociais que os outros cidadãos. Como resultado, os estrangeiros que chegam doentes ao país podem disseminar vírus causadores de doenças como sarampo, como já foi observado em Roraima. Com efeito, isso poderia ser evitado se fosse oferecido um tratamento adequado a essas pessoas e vacinas para barrarem possíveis contágios. Observa-se, então, um comprometimento da ética deontológica, do filósofo Kant, a qual admite que os comportamentos humanos devem ser pautados pela moral universal, logo, todas as pessoas devem ser tratadas de maneira equivalente, o que não é observado nesse caso.       Somado a isso, existe a exclusão pela orientação sexual. Nesse contexto, muitos indivíduos desse espectro social não são devidamente informados sobre formas de proteção condizentes às suas necessidades. Como exemplo cabe citar o fato de que muitas pessoas não sabem que lésbicas também precisam de cuidados para evitar doenças sexualmente transmissíveis. Por conseguinte, esse preconceito é um dos fatores que dificultam o controle de doenças como a AIDS, além de ele ser uma ameaça ao perfil democrático do país, visto que a filósofa Marilena Chauí caracterizou como pertencente a esse sistema político apenas os países nos quais consta igualdade, participação e liberdade de todos em qualquer esfera social, ficando a minoria em questão excluída desse processo.       Fica claro, portanto, que o preconceito gera impactos para a saúde dos brasileiros. Para contorná-los, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social promover campanhas que reduzam a exclusão, por meio de propagandas televisivas mostrando histórias de estrangeiros residentes no Brasil, com vistas a despertar empatia e acolhimento por parte dos nativos. Ademais, o Ministério da Saúde deve promover um treinamento com profissionais da saúde, mediante cursos ministrados por médicos e psicólogos nos quais sejam ensinadas maneiras adequadas de repassar informações importantes, a fim de diminuir o preconceito e oferecer conhecimento para proteger a população de doenças graves. Assim, as implicações da exclusão social na saúde serão lembradas apenas em passagens como as do livro.