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Enviada em: 25/08/2019

A prática discriminatória, geralmente motivada por aspectos sociais, sexuais, étnicos ou ideológicos,  embora integralmente condenável em virtude de seu caráter irracional e obtuso, esteve presente desde muito cedo nas sociedades humanas. Nas palavras do filósofo italiano Nicolau Maquiavel: ''Os preconceitos têm raízes mais profundas que os princípios''. Nesse contexto, um dos mais avassaladores estigmas provocados pela exclusão, sobretudo em termos de saúde, no Brasil, é, decerto, a desumanidade.       De acordo com a revista Vice, dentre os casos de maior teor discriminatório em âmbito hospitalar encontra-se a questão da violência obstétrica contra mulheres negras. Os índices não se limitam apenas ao Brasil e envolvem países desenvolvidos como os Estados Unidos na alta mortalidade de gestantes afrodescendentes em detrimento aos mesmos casos  envolvendo mulheres brancas. Infelizmente, segundo a mesma fonte, o atendimento deficiente com relação à raça não se limita apenas aos casos obstétricos e expande-se a outros campos médicos como o tratamento de doenças crônicas, como o HIV.       Ademais, lamentavelmente, a concentração de polos de atendimento médico em capitais e grandes cidades também constitui um tipo de exclusão economicamente fomentada. Em termos mais específicos, a precariedade do atendimento público em pequenas cidades e povoados, essencialmente em decorrência da escassez de insumos, máquinas e infraestrutura adequada configura, definitivamente, um cenário que privilegia grandes centros nacionais e negligencia atendimento de qualidade aos geográfica e economicamente menos favorecidos.       Desse modo, existe um grande viés discriminatório no que tange à performance do setor de saúde pública no Brasil, fator que evidencia uma dolorosa decadência no conceito de humanidade entre brasileiros. Portanto, de modo a mitigar os efeitos da exclusão no âmbito da saúde em solo nacional, faz-se necessária atuação governamental no incentivo econômico e estrutural de melhores postos e hospitais estrategicamente localizados. Além disso, com iniciativa do Ministério da Saúde (MS), poderá haver o monitoramento de planilhas médicas pela gestão desses centros hospitalares de modo a garantir um atendimento mais amplo a negros, homossexuais, mulheres e demais indivíduos de maneira mais igualitária.