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Enviada em: 16/09/2019

Em sua obra “O cortiço”, o autor brasileiro Aluísio Azevedo expõe como as diferenças econômicas, raciais e de gênero são capazes de excluir os indivíduos de uma igualitária condição de bem-estar. Fora das páginas, é fato que as diversas formas de exclusão são também responsáveis por impactos negativos na saúde do brasileiro, principalmente quando seu poder aquisitivo é baixo. Desse modo, a persistência de desigualdade social somada a ineficácia de políticas públicas no que tange o combate à exclusão no sistema público de saúde são intempéries que merecem um olhar crítico de enfretamento.     A princípio, reconhece-se como os declives sociais mais alarmantes são causados pela existência de segregação entre classes com diferentes poderios econômicos. Segundo o sociólogo Karl Marx, a maioria dos problemas enfrentados nas nações capitalistas assentam-se no poder aquisitivo baixo daqueles que vendem sua força de trabalho, incluindo, entre eles, a exclusão em âmbitos básicos de sobrevivência. Logo, dados como os da Pesquisa Nacional a Domicílio – que revelam que apenas 29% das famílias brasileiras têm plano privado de saúde – são inexoráveis, já que, em um país economicamente desigual, como o Brasil, aqueles que possuem dinheiro conseguem os melhores atendimentos, enquanto o proletário sofre com as mazelas do setor público de saúde.     Além disso, é ponto pacífico inferir que, com essa extrema desigualdade, faz-se mister que o Estado busque melhoria no setor público visando dirimir a exclusão social. No entanto, a proeminência de casos de exclusão, inclusive no âmbito público, amplia as dificuldades de conceber um sistema de saúde igualitário. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 10% dos brasileiros já denunciaram casos de exclusão e preconceito racial e de gênero dentro de hospital e postos de saúde. Portanto, se o Estado tem olhar negligente sob ótica dessa exclusão, não é passível de concepção tal nivelamento, mesmo no microcosmo do setor público de saúde.     Destarte, é evidente a urgência de tomar-se medidas por parte do Governo a fim de dirimir possíveis exclusões, preconceitos e desigualdades no tocante à esse âmbito. Para tanto, faz-se necessário que o Ministério da Educação, por meio de verbas governamentais, invista em aprimoramento dos profissionais de saúde, criando portais de reclamação na internet e guarnecendo cursos de empatia social ministrados por psicólogos. Essas ações visariam o combate à exclusão e ao preconceito no setor público de saúde, melhorando, dessa forma, sua qualidade e, portanto, nivelando seu acesso com os dos planos particulares. Dessa forma, pode-se conceber uma sociedade, diferente da narrada em “O cortiço”, na qual a saúde seja um direito equitativo a todo e qualquer indivíduo.