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Enviada em: 29/06/2018

'Fluidez' é a qualidade de líquidos e gases. Na química, substâncias voláteis tendem a ter praticidade de passar do estado líquido para o gasoso. Dessa forma, Zygmunt Bauman define a modernidade líquida, contexto social dos dias vigentes que apresenta as seguintes características: a substituição da ideia de coletividade pelo individualismo; e a transformação do cidadão em consumidor.      De acordo com Bauman, sociólogo polonês que difundiu o termo "modernidade líquida" com sua obra homônima e "amor líquido", as relações afetivas se dão por meio de laços efêmeros, superficiais e pouco seguras. No lugar da vida em comunidade e do contato físico privilegiam-se as chamadas conexões, relações interpessoais que podem ser desfeitas com a mesma facilidade com que são estabelecidas. Isso pode ser observado a partir das redes sociais, como "facebook" ou "tinder", onde estabelecer uma amizade é tão fácil quanto desfazê-la.       O sociólogo afirma, ainda, que a superficialidade nas relações humanas objetiva se defender do que é profundo no ser. Então o indivíduo vive superficialmente para se defender psicológico e emocionalmente, e gradativamente a sociedade torna-se viciada nessa defesa, criando sua zona de conforto pessoal. Em trecho de sua obra "A insustentável leveza do ser", Milan Kundera fala sobre vertigem, o medo de uma queda que de certa forma é desejada, apresentando um melancólico romancismo gótico que se encaixa perfeitamente com a motivação de superficialidade na era moderna.     Ademais, outro fator decorrente do individualismo crescente na modernidade líquida é o consumismo excessivo. Uma pesquisa publicada pela Northwestern University revela que uma das causas da ansiedade e depressão (considerada o mal do século) é o consumo exacerbado que ocorre como forma de preencher as lacunas das relações superficiais. Quando se prensa em consumo, pode-se pensar também na Terceira Revolução Industrial, na indústria moderna, no derretimento de sólidos e na obsolescência programada, e esse contexto tecnológico mostra-se progressivamente mais próximo das relações humanas.       Fica claro, portanto, que relações pessoais estão gradativamente mais voláteis. Sendo assim, cabe ao Ministério da Educação, em consonância ao SESu e ao Ministério da Saúde, incrementar às escolas a presença de psicólogos, fomentando a discussão sobre interações sociais dentro e fora do campo virtual, de forma que o estudante, desde cedo seja capaz de estabelecer vínculos emocionais, duradouros e afetivos. Também é imprescindível a atuação do Governo Geral em conjunto aos demais órgãos, buscando levar essas discussões, juntamente com debates sobre o consumismo, para além dos muros da escola, a partir de campanhas e palestras, conscientizando toda a sociedade.