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Enviada em: 23/08/2018

O Zeitgeist da liquidez das relações                                As relações sociais adaptam-se como resultante mediante às necessidades econômicas, culturais e sociológicas circunscritas no Zeitgeist ou Espírito do tempo descrito pelo filósofo Hegel. Logo, as exi- gências perante a sociedade medieval, por exemplo, permitiam uma solidez nas inter-relações pessoais, diferentemente da liquidez atual, uma vez que as demandas entre os diferentes tempos são distintas.    Desse modo, a passagem de uma sociedade mecânica para uma  orgânica, descrita por Durkheim, as relações tendem a se individualizar causando uma impessoalidade na interação entre os indivíduos pela demanda instan- tanêa do capitalismo e o desejo intermitente imposto por ele de adquirir bens não necessários.Em virtude disso, esse encurtamento de tempo diário reflete no baixo e superficial contato entre os cidadãos, fomentado ainda mais pela virtualidade da internet tendo como resultado a liquidez descrita por Zygmunt Bauman.    Nesse interím, Georg Simmel percebeu que na transição para as cidades verificava-se a chamada atitude blasée, ou seja, uma atitude racional de indiferença cultivada em relação ao outro. É evidente, portanto, a consonância dessa atitude com o individualismo e com a extensiva mecanização hodierna vivenciada nas cidades, em que muitas vezes não se é proferido uma palavra com a pessoa ao lado.    Como resultado desse panorama nota-se uma obsolescência de amizades, relações amorosas e outras interações pessoais. Em suma, essa perda de profundidade e efemeridade das relações sociais tende a um isolamento que pode causar uma depressão ou casos piores, pois somos seres sociais que dependem de interações humanas a fim de a vida possuir um sentido.