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Enviada em: 27/08/2018

João Cabral de Melo Neto, autor modernista, foi categórico ao afirmar: “Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de dois outros galos.” De maneira análoga, um indivíduo sozinho também não constrói uma sociedade, nem tampouco consegue evoluir sua essência. Por isso, existem grandes fragilidades nas relações humanas, as quais têm implicado no bom convívio da humanidade. Para tanto, urge a necessidade de maior engajamento social, a partir da construção de relações mais sólidas e duradouras.        Em primeiro plano, vale ressaltar que o autor George Orwell já revelara em sua obra 1984, os indícios de distanciamento nas relações humanas e um futuro à mercê das tecnologias. De fato, esse novo “cybermundo” acabou influenciando as relações interpessoais, tornando-as líquidas. Nesse contexto, o sociólogo Bauman lança um olhar crítico para as transformações sociais e econômicas trazidas pelo capitalismo globalizado. A liquidez nas relações tem desencadeado impactos de ordem intelectual, psicológica e econômica, gerando conflitos pelo poder e luta de classes que desestruturam a boa convivência na sociedade contemporânea.         Dentro dessa lógica, persiste ainda, a ausência de diálogo social. Hodiernamente as redes sociais e os aplicativos de mensagens encurtaram os elos comunicativos, à medida que se conduzem de maneira fluida, sem consistência. Nesse princípio, o sociólogo Jurgen Habermas ensina que a dialogicidade faz-se um mecanismo essencial na esfera social e educacional dos povos. Ao passo que os indivíduos passaram a viver encapsulados em um mundo digital e assim tornaram-se individualistas e permitiram a liquefação de suas relações.         Por tudo isso, torna-se evidente, portanto, que um homem sozinho não tece uma sociedade, ele necessita da formação de vínculos sólidos com o próximo. Destarte, cabe a cada ser humano desfazer sua fluidez, estabelecendo elos sociais mais palpáveis a partir da abertura de seus ideais, de forma a desconfigurar a cápsula da individualidade para a formação de relações estáveis e duradouras. Além disso, cabe ao Ministério da Educação incorporar em seu sistema de ensino o método de Paulo Freire, o qual defende que o diálogo e a práxis fazem-se fundamentais para um ensino humanizado, o que possibilitará a formação de cidadãos conscientes, engajados no estabelecimento de conexões sólidas e permanentes.