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Enviada em: 20/06/2017

Ao discorrer sobre a Modernidade, Karl Marx afirmou que “tudo o que era sólido se desmancha no ar”. A colocação do teórico alemão é extremamente necessária para a compreensão do mundo contemporâneo, uma vez que o esvaziamento moral e a artificialidade são evidentes características dos vínculos humanos na era da liquidez moderna. Nesse sentido, a atual crise das relações pessoais expressa-se, sobretudo, pelo relativismo ético e pelo comportamento dos usuários de tecnologias comunicacionais.        Jeremy Bentham define a moral como a busca da “maior felicidade para o maior número de pessoas”. A proposta do pensador inglês é aplicável à atualidade, pois que, para o filósofo Jean Baudrillard, o hedonismo consumista tornou-se decisivo para a construção dos valores coletivos. Desse modo, sites para o agendamento de breves encontros sexuais, a curta duração dos relacionamentos afetivos e a desagregação familiar representam alguns dos sintomas de uma época em que os vínculos pessoais claramente reproduzem a descartabilidade inerente à lógica do consumo. Destarte, infere-se que o ritmo da economia moderna indubitavelmente liquefez o tecido social e, por conseguinte, relativizou a ética dos elos humanos após reduzi-los a meras caricaturas das transações de mercado.       Além disso, vale ressaltar que, segundo Zygmunt Bauman, o universo paralelo construído pela modernidade tecnológica levou a juventude a trocar o mundo real pelo virtual. De acordo com estudos realizados pela Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, essa transição gerou resultados catastróficos, visto que o uso de ferramentas comunicacionais eletrônicas como as redes sociais exacerba o isolamento e aumenta consideravelmente o risco de depressão entre os usuários. Logo, conclui-se que, ao invés de integrar, o tecnocentrismo isolou e entristeceu o sujeito contemporâneo através da artificialização e pulverização de suas relações com outros indivíduos.        Em vista dos aspectos abordados, compreende-se que a Secretaria Nacional de Direitos Humanos deve fornecer recursos a fim de que o Conselho Federal de Psicologia promova uma campanha nacional de combate à cultura do consumismo, realizando palestras, propagandas televisivas e exibição de filmes por meio dos quais cada cidadão adquirirá os subsídios necessários para construir uma identidade moral independente dos ditames do mercado. Concomitantemente, as escolas e as famílias do alunos devem debater o isolamento social em tempos de modernidade tecnológica, bem como promover atividades esportivas no intuito de reduzirem o tempo de exposição dos jovens à comunicação virtual e estimulá-los à prática de interações reais.