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Enviada em: 16/10/2017

Tudo cabe, mas nada se encaixa       O número de suicídios vem aumentando, assim como o número de diagnósticos de transtornos mentais, especialmente entre os jovens. O mundo também vem mudando. E tudo muda tão rapidamente que cada vez mais as pessoas precisam de flexibilidade para novas adaptações. Neste contexto, Zygmunt Bauman criou o conceito de modernidade líquida, que descreve justamente a capacidade de se adaptar às diversas mudanças mantendo sua essência.       Entretanto, o próprio Bauman aponta este paradoxo como gerador de angústia, pois a busca pela seguridade do que é permanente vive em conflito com as contantes mudanças, gerando a sensação de incapacidade e frustrações. Assim acontece com as tecnologias, que exigem atualizações e novos aprendizados. Em menos de meio século, a televisão, recém-chegada ao Brasil, ganhou cores, sinal digital, vindo agora substituir os computadores pessoais, que já caíram em desuso, apesar de bem mais recentes. Parece que tudo hoje dura pouco, é mais descartável. Quantas fitas de VHS, LPs, disquetes, CDs, pen-dives e DVDs foram jogados fora. Os Blu-Rays parecem ter ficado nas prateleiras porque foram lançados ao mesmo que o Google Play.       Até mesmo os relacionamentos parecem ter menor durabilidade. Isso sem falar na diversidade. Além dos tradicionais namoro, noivado e casamento, agora existem as opções de ficar, pegar, morar junto, união estável registrada em cartório ou até mesmo um "crush" a cada dia selecionado por um aplicativo de celular.       Tamanha fluidez parece não dar descanso, pois os profissionais se tornam eternos alunos em constante atualização podendo, a qualquer momento, ser considerados ultrapassados. Nos relacionamentos, a insegurança e a falta de sentimentos podem ser ainda mais danosas, apesar de todos parecerem adaptados às constantes mudanças. Uma boa verdade é que "o mal que aflige a alma faz o corpo padecer".