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Enviada em: 11/03/2018

A falta de atração interpessoal       Os líquidos, por não terem suas moléculas tão atraídas, não têm forma definitiva, adaptando-se ao recipiente em que for posto. De maneira análoga, o mesmo acontece com as relações contemporâneas. Estas, cada vez mais frias e superficiais, se deformam com a mesma facilidade que se moldam. Se, com a globalização, tudo tomou proporções mais velozes, o modo como as pessoas se relacionam também sofreu mudanças.       Em primeira instância, com a facilidade de começar e terminar relações (os chamados relacionamentos de bolso - usar quando precisar e, quando satisfeito, apenas guardá-lo), o compromisso com os vínculos afetivos se torna negligenciado. Não há esforço para manter laços interpessoais: basta excluí-los das redes sociais com um clique e, com o outro, encontrar novas pessoas. Esse processo recebe o nome de "ghosting", algo como "se comportar como um fantasma", que descreve fielmente o comportamento social nesse contexto. "Vivemos tempos líquidos, nada é para durar", afirma Zygmunt Bauman sobre a sociedade hodierna. Em aplicativos de paquera, a frivolidade e a efemeridade são a fórmula para um envolvimento casual e sem empenho de ambas as partes.       Além disso, em um dos episódios de Black Mirror, série que retrata futuros utópicos baseados no descontrole da tecnologia, há um processo de ranqueamento dos indivíduos, baseados em notas lhes atribuídas. Assim, quanto maior seu número de estrelas, mais luxos você tem acesso e melhor visto é pela sociedade. Esse cenário equivale  à importância dada aos números que uma pessoa hoje pode ter. Quanto mais amigos no Facebook, curtidas no Instagram e seguidores no Twitter, mais relevante você é. Todavia, esses algarismos não significam satisfação própria. Segundo Leandro Karnal, "estamos gritando desesperadamente para sermos observados. Nos sentimos muito solitários". Assim, tenta-se compensar a soledade com a falsa sensação de felicidade que os "likes" podem trazer.        Mediante os fatos expostos, é imprescindível que o Governo Federal, atrelado ao Ministério da Saúde, invistam em cartilhas públicas e programas midiáticos para advertir sobre o risco do excesso da tecnologia, tanto em questões de segurança como psicológicas. Também, debates e palestras em escolas, mediadas por ONGS, para alertar sobre os perigos que a internet pode trazer são cruciais para um entendimento sobre o assunto desde cedo. Em âmbito domiciliar, cabe às famílias orientarem e regulamentarem o tempo de uso do computador, equilibrando sempre a vida digital com a vida real. Assim, verá-se mudanças significativas no comportamento social, que impactarão não só a geração hodierna, bem como as futuras.