Materiais:
Enviada em: 14/07/2018

As projeções atuais e futuras revelam um novo dinamismo no perfil demográfico brasileiro: uma população majoritariamente envelhecida, com menos filhos e urbana. Sem dúvida, o envelhecimento populacional é o desafio e a oportunidade do século, afinal, exigirá uma reorganização política, social e econômica. Diante disso, questionar-se-á se o Brasil tem condições de adequar essa nova realidade, ou padecerá diante dos preconceitos e nova era demográfica.        Segundo dados do IBGE a população idosa é o segmento que mais cresce no Brasil. Essa longevidade é um bônus a qualquer sociedade, desde que seja saudável e funcional. Todavia, o Brasil passou por um processo de “envelhecimento artificial” à custa de programas de imunização e medidas especificas de controle de enfermidades e não um “envelhecimento natural” através do melhoramento das condições de vida, como nutrição, trabalho, habitação e saneamento, o que problematiza a questão. Além disso, a situação fica ainda mais preocupante pelo perfil de idosos que está sendo formado: vulnerável, incapaz e enfermo.        De outro lado, surge as facetas do preconceito aumentando a problemática atual. Conforme Alexandre Kalache, ex-diretor do programa de envelhecimento da OMS - “ A velhice, quando definida cronologicamente é sempre inadequada”. Essa linha de pensamento é básica para a desconstrução de idosos incapazes e inativos. Afinal, a contribuição dos idosos para a economia, cultura e educação, perpassa de pensamentos preconceituosos e ageístas, e fisiologicamente falando, os idosos podem ser ativos e funcionais até a nona década de vida. Logo, uma dualidade é levantada sobre o tipo de velhice que prevalecerá: aquela saudável, com idosos com capacidade funcional e mental; ou aquela velhice com doenças crônicas que exigem recursos e cuidados por longos períodos de tempo e que afetam famílias, comunidades e o próprio governo.         Há várias formas de atacar esse problema. O governo (municipal, estadual e federal) precisa mudar o paradigma de atenção ao idoso focalizando na atenção básica, e em ações sociais com temáticas ligadas a alimentação, atividade física e qualidade de vida. No cenário educacional, as universidades devem instituir disciplinas de geriatria e gerontologia obrigatórias nos cursos de saúde. Ademais, a escola deve instituir disciplinas, oficinas e palestras que ensinem aos jovens a encarar a velhice como um processo natural e saudável e trabalhar as questões de preconceito e violência. Finalmente, é preciso que a sociedade, a família, as empresas e o governo revejam o papel do idoso enquanto promotor de trabalho, economia, educação e cultura e “reciclem” esses veteranos atribuindo-lhe novas funções de acordo com sua nova realidade e vontade.