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Enviada em: 12/02/2018

Segundo Aristóteles, filósofo pós-socrático, a velhice simbolizava o fim da capacidade humana de pensar e participar de atividades políticas. Não obstante a diferença cronológica com o pensador, a ineficiência dos mecanismo de inserção dos idosos nas esferas físicas e sociais recria, nos dias atuais, uma visão aristotélica sobre essa camada populacional.   Em primeiro plano, a garantia da qualidade de vida para a terceira idade encontra obstáculos na adaptação dos métodos de atendimento médico-hospitalar. Nesse contexto, uma pesquisa realizada pela USF, Universidade de São Francisco, afirmou que a cada 12 médicos, 8 relatam dificuldades em assistir pacientes acima dos 60 anos. Tais embargos variam desde a coleta de informações para o diagnóstico até deficiências estruturais nos postos de saúde. Todavia, enquanto esse cenário persistir, a maior idade continuará a viver com seus direitos fragilizados.   De outra parte, há a capitalização do conceito de vida ativa. Nessa perspectiva, a utilidade social dos indivíduos estaria subordinada a sua capacidade de produzir riquezas. Dessa forma, o ato de aposentar-se anularia, gradativamente, sua existência na sociedade, tornando-o segregado e inativo. Esse processo de distanciamento é iniciado no ambiente familiar e propagado para os meios profissionais e educacionais.    Urge, portanto, que a postura aristotélica seja desconstruída e combatida pelo Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, o Ministério da Saúde deve promover uma melhor comunicação entre os pacientes da terceira idade e os profissionais da saúde, por meio de cursos especializados nesse ramo da geriatria, além de aumentar os investimentos na infraestrutura dos postos de atendimento primário. O Conselho Nacional do Idoso com a sociedade civil deve ampliar a inclusão e a valorização dos aposentados, através da criação de núcleos de trabalho voluntário, nos quais o grupo em questão atuaria como agente ativo na difusão de suas experiências profissionais e acadêmicas.