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Enviada em: 13/07/2018

Em "O Contrato Social", de 1762, o filósofo Rousseau formula uma questão clássica das ciências sociais: por que o homem nasce livre e, por toda parte, encontra-se acorrentado? Tal questionamento reflete fielmente a realidade de muitos jovens brasileiros, que se encontram, por vezes, acorrentados a uma realidade hostil, da qual o crime é a saída mais evidente. Nesse âmbito, dois aspectos são preponderantes: a insuficiência do sistema educacional e a gritante desigualdade brasileira.       Diante desse cenário, é imprescindível destacar a carência do sistema educacional como uma causa do aumento da criminalidade entre jovens. Segundo o filósofo Kant, "O home é aquilo que a educação faz dele", ou seja, o comportamento dos indivíduos é consequência do processo educacional pelo qual passaram. Isso demonstra que tal aumento é uma consequência do fato de que a escola não tem promovido, tão cabalmente como seria de se esperar, a boa conduta dos alunos. E isso constitui uma lacuna no processo de aprendizado.      Ademais, é indubitável que a desigualdade corrobora o aumento dos crimes cometidos por jovens. Segundo o sociólogo Wiliam Outwaite, níveis elevados de desigualdade reduzem tanto as oportunidades quanto os incentivos para os indivíduos e as famílias mais pobres, desestimulando-os em particular a investir em educação. Esse fato indica que os jovens mais pobres acabam escolhendo a criminalidade por não acreditarem que podem triunfar em uma sociedade tão desigual. Sendo assim, é necessário reduzir a desigualdade para reduzir a criminalidade.        Portanto, a fim de solucionar a questão supracitada, evidencia-se a necessidade de alguma mudança. É preciso que o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação, financie campanhas educacionais nas escolas. Tais campanhas devem contar com ampla divulgação midiática e deverão incluir explicações sobre as possibilidades de ascensão social para os jovens. Isso pode ser feito por meio de debates, palestras e dinâmicas que terão o intuito de induzir esse público à conduta adequada na sua vida social e financeira. Concomitantemente, o Estado deve adotar medidas, com base nos projetos de redistribuição de renda, que efetivamente diminuam as concentrações de riqueza obscenamente altas. Assim, finalmente,.as "correntes" sobre as quais discorria Rousseau poderão ser esquecidas.