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Enviada em: 16/05/2019

A obra Cidade de Deus do escritor Paulo Lins, mostra as transformações que a violência e a criminalidade trazem a uma comunidade do Rio de Janeiro. O romance narra a história de Buscapé, um jovem pobre e negro que cresce em um universo violento e vive amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, como muitos de seus amigos. Hodiernamente, tal narrativa se difunde a realidade brasileira, quando a taxa de criminalidade do país conta em suma, com jovens na luta pelo poder no crime. Nesse contexto, cabe analisar o desvelo governamental, bem como a desigualdade social em conjunto do cenário socioeconômico caótico que corroboram para essa problemática.   Primordialmente, destaca-se que o aumento da taxa de criminalidade entre jovens brasileiros, deve-se em parte à falta do apoio de programas governamentais, como também a desigualdade social vigente, uma vez que a falta de carências básicas, como a alimentação e a educação escolar, já condenam a criança a uma situação de inferioridade intelectual. Desse modo, jovens marginalizados pela própria sociedade, que não possuem condições ideais de vida nem orientação sobre regras sociais, acabam por encontrar no crime a única saída para a sobrevivência. Prova disso, são dados do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), comprovando que o índice de adolescentes em privação de liberdade aumentou 58,6% em seis anos e a maioria não frequenta a escola.   Observa-se, ainda, que o crescente tráfico de drogas em junção dos inchamentos demográficos das grandes cidades, culminam na origem das favelas - comunidades desestruturadas por uma história de segregação e desvelo governamental - assim, jovens sem expectativas e oportunidades, acabam por não terem forças para buscar das esferas públicas as melhorias internas, e enxergam no crime uma maneira de sobrevivência. Tal conjuntura, remete a Teoria da Desorganização Social, desenvolvida pelos sociólogos americanos Clifford Shaw e Henry MacKay, indicando que os índices de criminalidade, devem-se a fatores sociais, como densidade populacional e falta de estrutura urbana.   Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Cabe ao Ministério da Educação, ampliar o acesso universal e de qualidade do ensino a todos, bem como, investir, por meio de verbas governamentais, em profissionais, como psicólogos e assistentes sociais, com o objetivo de detectar problemas de indisciplina e evitar que o adolescente deixe a escola, pois a evasão escolar é o primeiro sinal de que o adolescente pode vir a se envolver com a criminalidade. Urge, ainda que o Estado brasileiro invista em políticas habitacionais, como forma de diminuir a vulnerabilidade social e a aglomeração de pessoas. Desse modo, a taxa de criminalidade entre jovens brasileiros irá declinar e essa problemática será romantizada apenas na ficção.