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Enviada em: 01/11/2017

A modernidade líquida, assunto de debate para o sociólogo Zygmunt Bauman, revela a fluidez nas relações políticas, econômicas e sociais do contemporâneo. No Brasil, tal condição pode ser observada com o aumento das ações ilegais entre jovens, de modo que a escassa solidez nas ligações coletivas incentivam o avanço desse crime. Com efeito, o 'déficit' na correspondência entre Estado, família e população em vista do apoio na estruturação infanto-juvenil igualitária, bem como a cultura da opressão vigente no país, inibem a formação primordial dos novos cidadãos para atuações benéficas, permitindo a escolha pela prática de infrações.   Segundo o Artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para assegurar seu bem-estar. Nesse sentido, a restrita organização das instituições na diminuição das disparidades e prevalência de situações favoráveis ao bom desempenho das nascentes gerações, configuram caminhos ilícitos para, em sua maioria, jovens marginalizados alcançarem melhores realidades econômicas. Assim, a segregação, consequência da desigualdade de possibilidades, apresenta-se como fundamento na problemática da criminalidade adolescente, uma vez que afirma o desejo de correspondência social.   Contudo, a opressão intrínseca à nação brasileira também representa um aspecto da temática. De acordo com o filósofo Michel Foucault, toda violência é possível em ambientes prisionais, pois a comunidade exige que o delinquente sofra. Visto por esse contexto, expressões recorrentes carregadas de ideologias agressivas contribuem para baixa reabilitação dos menores infratores, exemplificado por índices do Conselho Nacional do Ministério Público, onde 80% das unidades de regimes socioeducativos não oferecem vagas à egressos em casos graves. Por conseguinte, a dificuldade no retorno ao meio comunitário, baseado na cultura do preconceito à jovens que buscam renovar oportunidades, promove o retorno ao panorama ilegal o qual aceita rapidamente o indivíduo.   A fragilidade nas relações, induzindo atos criminais juvenis no Brasil deve, portanto, ser alvo de intensas medidas específicas. É imprescindível que o Ministério da Educação, em parceria com organizações educativas, disponha de parcelas de sua receita para o recebimento de discentes desfavorecidos socialmente em colégios públicos, buscando, além da inclusão como ferramenta de superação das desigualdades, serviços para pais desempregados nas áreas da alimentação e organização, como forma, a curto prazo, de estabilização financeira e manutenção do bem-estar. Ademais, cabe à grupos jornalísticos, com apoio de gestores da comunicação, a propagação dos riscos na negligência de egressos, a fim da reabilitar o cidadão com a fortificação das relações modernas.