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Enviada em: 22/03/2018

A obra literária "Capitães da Areia" de Jorge Amado retrata o cotidiano criminoso e hostil vivenciado pelos infantes do Trapiche em Salvador. Tal perspectiva, mesmo sendo fictícia, assemelha-se à realidade de muitos adolescentes brasileiros, visto que, nas últimas décadas, houve um aumento na criminalidade entre eles. Nesse sentido, o negligenciamento estatal e a falta de estrutura familiar evidenciam a necessidade de promoção de ações sociais, a fim de sanar a problemática abordada.    Mormente, cabe pontuar que a falta de acesso à educação, à alimentação e à saúde é uma das principais responsáveis pela crescente criminalidade juvenil. Isso, consoante ao pensamento do sociólogo Émile Durkheim de que a normalidade e a coesão não são garantidas quando as instituições sociais não efetivam seus papéis, ocorre, pois o Estado não assegura os direitos básicos da sociedade, previstos pela Carta Magna de 1988. Diante disso, a população, ao se encontrar desamparada e sem as condições mínimas de sobrevivência, entrega-se ao mundo do crime, pois ele, com a ilusão atrativa de ascensão social e vida luxuosa, apresenta-se como uma alternativa fácil e imediata para a resolução das mazelas vividas por ela.    Paralelo a isso, a desestabilização familiar, também, fomenta a elevação da criminalidade entre os adolescentes. Essa problemática acontece, porque as famílias, em muitos casos, possuem um cotidiano pautado em violência e opressão, como é observado nas punições dadas às crianças quando transgredirem alguma regra imposta pelos pais. Aquelas, então, por tenderem a absorver as estruturas sociais de sua época, conforme dito pelo sociólogo Pierre Bourdieu, desenvolvem um perfil agressivo e revoltado com a realidade vivida. Desse modo, a inserção dos jovens em ações criminosas torna-se, cada vez mais, facilitada, visto que a procura delas por eles aumenta gradativamente, com o fito de mudança na opressão sofrida.    Evidencia-se, portanto, que o aumento da criminalidade entre os jovens brasileiros é persistente no país, necessitando-se a reversão de tal circunstância. Por isso, cabe ao Estado, por meio do Poder Executivo, assegurar os direitos básicos do corpo social, educação, segurança, alimentação e saúde, com o intuito de garantir que todas as pessoas tenham oportunidades de ascensão social. Dessa forma, os investimentos nesses setores devem ser potencializados, principalmente nas regiões mais pobres, como as favelas. Ademais, ONGs, em parceria com a mídia, devem criar propagandas de incentivo à boa convivência familiar, incentivando o diálogo e atos carinhosos e empáticos entre pais e filhos. Assim, a realidade juvenil canarinha poderá ser destoante da dos infantes do Trapiche.