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Enviada em: 09/08/2018

Recentemente, em um movimento histórico na América Latina, milhares de argentinas foram às ruas para lutar pela legalização do aborto em seu país. Enquanto o aborto segue criminalizado na Argentina e no Brasil, o ano de 2016 registrou uma nova preocupação para a sociedade brasileira: a taxa de mortalidade infantil voltou a crescer. Ambos os fatos assinalam que enfrentamos um grande retrocesso social em nosso país. De fato, percebe-se que as instabilidades e a mudança de direcionamento na administração política do Brasil implicaram em um abandono da saúde e da população brasileira.     Em contra mão ao que vinha sendo registrado desde os anos 2000, a taxa de mortalidade infantil, isto é, o número de óbitos antes de completar um ano de vida a cada mil crianças nascidas vivas, aumento de 13 para 14, em 2016. Essa taxa faz parte dos indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pois está intrinsecamente ligada a assistência médica oferecida à mãe e ao bebê antes e depois do nascimento, à problemas de infra-estrutura como o saneamento básico e à educação e orientação das famílias. Portanto, um aumento nessa taxa revela a negligência aos fatores mencionados demonstrando, por fim, um descaso com a gestão da saúde pública da nova administração que se iniciou em 2016 no Brasil. Ademais, o novo governo federal aprovou, também em 2016, um orçamento limite para o investimento em saúde e educação, a PEC 241/55, demonstrando que o aumento na taxa de mortalidade infantil pode ser a nova tendência para os próximos anos.       Somada à questão da negligência com a saúde pública, o aumento da taxa de mortalidade relaciona-se ao aumento do número de pobres em condição de miséria no Brasil. Nos últimos anos, em função da implementação de projetos sociais como o Bolsa Família, esse número apresentava também uma queda. Entretanto, frente às novas decisões federais em colocar de lado esse projeto, vemos que a população sofre ainda mais com a ausência desse auxílio. Dessa forma, fica claro que o governo vem menosprezando questões determinantes para o desenvolvimento da sociedade brasileira, respondendo a interesses econômicos.       Frente ao exposto cabe, em primeiro lugar, ao governo federal rever e extinguir a PEC 241-55 do limite de gastos já que, esse estrangulamento culminará em um retrocesso ainda maior para a sociedade brasileira. Ademais, é imperativo que a população se posicione frente às urnas consciente dos atrasos que estamos sofremos nos últimos anos, por isso, o jornalismo brasileiro deve se comprometer a veicular os resultados dos últimos anos de governo baseando em estatísticas que representem a sociedade, como os indicadores do IDH, sendo a taxa de mortalidade infantil um deles. É evidente que muito precisa ser feito e também desfeito para que caminhemos à frente.