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Enviada em: 19/10/2018

A obra Criança Morta, de Cândido Portinari, pintada em 1944 apresenta uma família do Nordeste Brasileiro carregando o cadáver de uma criança em meio a um cenário de seca e miséria. Setenta anos depois o Brasil registra um aumento da taxa de mortalidade infantil, num contexto de epidemia do Zika vírus e colapso no sistema público de saúde. Assim, a falta de financiamento e gerenciamento dos serviços de saúde comprometem a assistência às grávidas e recém nascidos e também o saneamento básico, sendo estas as principais causas de mortalidade infantil.       Através do número de mortes infantis pode-se analisar a eficácia, ou descaso, dos serviços públicos do país. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2016, ocorreram quatorze mortes a cada mil nascimentos, representando um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Entretanto, as mortes foram decorrentes de causas evitáveis, como pneumonia e desnutrição. Logo, a falta de assistência que vai da gestação até o pós parto compromete a saúde infantil. Pois, com a falta de investimento não há disponibilidade de vacinas e medicamentos que são essenciais na prevenção de doenças.         Além disso, o saneamento básico é um fator determinante na saúde da criança, uma vez que a ausência forma um terreno fértil para desencadeamento de doenças. Num ambiente sem saneamento há o enorme risco de contaminação, pode ocorrer através do contato direto com a pele ou pela ingestão de alimentos lavados ou cozidos com a água do local. Ainda nesse ambiente há o aumento da população de Aedes Aegypti, que podem provocar doenças como dengue, febre amarela e zika, que foi epidemia no país. Levando em consideração que estes fatores atingem principalmente as comunidades carentes, de forma que a desnutrição seja um agravante na saúde das crianças.         Percebe-se, portanto, que as causas da mortalidade infantil podem ser evitadas através de políticas públicas que atuem nos serviços básicos de saúde. Assim, o Ministério da Saúde, com financiamento da União, deve criar um programa que assista as mulheres desde a gestação ao pós parto, promovendo a aplicação de vacinas, realização de exames e atendimento nutricional da mãe e da criança de forma que doenças sejam prevenidas. Ademais, o Estado deve atuar no saneamento básico, fazendo limpeza nos locais, retirar os esgotos a céu aberto, promover água potável nas comunidades, bem como campanha de combate ao Aedes Aegypti por meio dos agentes de saúde, conscientizando a população das formas de evitar o acúmulo de água parada e seus respectivos riscos. Garantindo assim, a saúde infantil.