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Enviada em: 15/03/2019

Habitando a periferia do capitalismo mundial e estruturado sobre diferenças sociais abismais, o Brasil sempre produziu altas taxas de mortalidade infantil, dramaticamente concentradas nas camadas mais pobres da sociedade. Isso se deve, primariamente, à miséria que define a vida de uma parcela importante da população brasileira.      Apesar disso, no passado recente, os números vinham, ano após ano,  melhorando lenta e consistentemente. Essa melhora se deveu, em diferentes graus, à diversos fatores, como por exemplo: melhoria das condições econômicas; atuação da sociedade civil; desenvolvimento tecnológico; determinação política do governo.     Não obstante terem havido notórios avanços, o combate à miséria e aos seus efeitos nunca conseguiu permear as camadas mais profundas da ideologia majoritária nas elites e na classe média brasileira. Dessa forma,  só é possível progredir em tempos de fartura, quando a melhora das condições das camadas mais pobres não afeta a desigualdade estrutural da sociedade. Já nos momentos de crise, quando melhorar as condições dos mais pobre demanda políticas redistributivas, cuidar das populações mais carentes torna-se um luxo difícil de sustentar.    Some-se ao que foi exposto a natureza cíclica das economias, onde períodos de bonança e de crise se intercalam "ad aeternum", e a única conclusão possível é que na sociedade brasileira, se não houverem rupturas e reordenações no tecido social, haverão, sazonalmente, pioras nos indicadores sociais mais básicos, dentre eles a mortalidade infantil.    A mitigação desse problema - aqui fala-se em mitigação, não em solução - exige a implementação de políticas públicas que distribuam e interiorizem equipamentos do estado como postos de saúde, hospitais, escolas e universidades. Além disso é fundamental garantir recursos suficientes para que eles perenizem-se e impulsionem a descentralização do desenvolvimento da sociedade.