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Enviada em: 01/06/2018

"Acabei de tomar meu 'Dienpax', meu 'Valium 10' e outras pílulas mais, duas horas da manhã recebo nos peitos um 'Tryptanol 25' e vou dormir quase em paz." Assim, o cantor Raul Seixas, aborda em sua música "Check-up", o uso indiscriminado de medicamentos psicotrópicos e analgésicos, constituindo-se como uma ocorrência comum entre os brasileiros. Se por um lado as políticas públicas de contenção à automedicação tem ganhado força na atualidade - como a proibição das vendas de antibióticos sem prescrição médica, pela ANVISA - os casos de iatrogenia medicamentosa advindos do uso incorreto das drogas, ocorrem com grande frequência no cotidiano dos indivíduos, devido a adesão à crendices arraigadas culturalmente e bem como o desconhecimento dos efeitos adversos destas.    Rauzito foi assertivo ao apontar à incógnita supracitada, pois, existe um senso comum nos indivíduos em consumir um medicamento por indicação de um conhecido, assim como, aliar várias drogas de ações metabólicas distintas, pelo desconhecimento entre as diferenças de efeitos adversos e efeitos colaterais. Um agravante a tal atitude é o fato de muitas substâncias atenuarem momentaneamente os sintomas e agravarem-nos a posteriori. Como exemplo do bicarbonato de sódio, que é amplamente utilizado como antiácido estomacal, quando, em suma, tal sintoma pode ser um sinal de infarto.    Efeitos colaterais são aqueles que podem ocorrer pelo uso de determinada medicação, porém, a probabilidade é percentualmente baixa e estes são cientificamente documentados e conhecidos. Já os efeitos adversos, não são comuns ao uso da mesma, podendo ser potencialmente fatais caso não ocorra intervenção médica imediata. Reflexo disto, foi a recente incorporação da dor como 5º sinal vital pela OMS, já  que, a procura por findá-la faz com que muitos recorram ao uso de inadequado dos medicamentos. Ocorre ainda, um equívoco hierárquico na procura das unidade de urgência, que não conseguem atender a demanda de superlotação, quando, boa parte dos casos, poderiam ser atendidos nas Estratégias de Saúde da Família (ESF's), evitando o uso de uma droga sem consentimento médico.       A incerteza acerca do efeito terapêutico é o principal agravante da automedicação, portanto, o conhecimento é uma poderosa arma de erradicação e aculturação do processo. Neste sentido, a atuação dos ESF's em simbiose ao Ministério da Saúde, promovendo a conscientização e a captação aos indivíduos, quanto a procura correta das unidades de saúde, ao atendimento médico livre e difuso,bem como a divulgação dos efeitos colaterais graves, causados por iatrogenia medicamentosa das medicações mais utilizadas pelos brasileiros, poderão ser bons aliados na erradicação deste problema. Ademais, ao invés de acelerar à níveis inteligíveis, nas mídias, a frase final sobre efeitos colaterais das drogas durante as propagandas, pronunciá-la paulatinamente, salvaria muitas vidas.