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Enviada em: 29/09/2018

A Revolta da Vacina, ocorrida no início do século XX, foi uma reação popular à campanha de vacinação obrigatória imposta pelo Governo no Rio de Janeiro. Contemporaneamente, no Brasil, entretanto, o panorama é bem diferente, tendo em vista que é a automedicação que ganha força. Isso se deve, principalmente, ao uso indiscriminado dos medicamentos e à ineficiência do controle estatal sobre a venda de remédios tarja preta - que devem ser vendidos apenas sob prescrição médica.          Em uma primeira análise, a utilização inadequada de certos tipos de medicamentos pela população é um empecilho para o avanço da medicina. Isso porque, além de ingerir indiscriminadamente remédios paliativos, muitas pessoas não seguem a prescrição médica - segundo pesquisa realizada pelo IBOPE, mais de 50% dos brasileiros afirmam não seguir totalmente o tratamento prescrito pelo médico. Essa realidade é extremamente prejudicial, tendo em vista que o uso exacerbado de alguns medicamentos pode levar o corpo humano a desenvolver resistência ao princípio ativo da droga, ou selecionar microorganismos mais resistentes - como é o caso do uso incorreto de antibióticos, que pode ocasionar no desenvolvimento de superbactérias, o que demanda um tratamento intensivo e difícil. Dessa maneira, a automedicação deve ser vista como um problema nacional, o que exige uma intervenção governamental.       Outrossim, segundo o alemão Karl Marx, numa sociedade capitalista o lucro seria priorizado em detrimento dos valores. Indubitavelmente, a venda descomedida de remédios tarja preta no Brasil está de acordo com a ideia de Marx. Nessa perspectiva, os graves efeitos colaterais desses medicamentos são desconsiderados em prol do lucro da indústria farmacêutica e dos estabelecimentos que revendem essas drogas. Essa conjuntura só é possível devido à ineficácia da fiscalização nesses locais, o que traz um risco severo à população, já que esses medicamentos podem causar dependência, depressão e o agravamento de patologias preexistentes. Dessa forma, é necessário que o Estado intervenha.         Urge, portanto, que medidas sejam implementadas para mitigar a automedicação no país. Nesse sentido, o Estado deve promover políticas públicas de controle assíduo da venda de medicamentos. Essa ação estatal deve ser concretizada por meio da intensificação da fiscalização nas farmácias de todos os estados, com o auxílio de policiais militares, visando punir veementemente aqueles que vendem ilegalmente. Além disso, a Mídia deve criar campanhas publicitárias de combate à automedicação, explicitando todos seus riscos e incentivando a população a seguir corretamente os tratamentos propostos pelo médicos, para que assim seja possível atenuar os efeitos nocivos dessa prática e possibilitar avanços na medicina do país.