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Enviada em: 27/06/2018

Não são poucos os fatores envolvidos na discussão acerca da automedicação no século XXI. Segundo Aristóteles, todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer. Entretanto, isso não reflete o atual cenário contemporâneo, uma vez que inúmeros indivíduos, sem conhecimento em relação aos riscos, usam medicamentos de forma autônoma. Dessa forma, a fim de compreender o problema e alcançar melhorias, basta observar o papel da desinformação social e da precariedade da saúde pública nessa problemática.     Em primeiro lugar, vale ressaltar que a automedicação se tornou uma perigosa atitude com o intuito de aliviar dores ou incômodos, principalmente, em razão das atribulações da vida moderna. Todavia, uma parcela da sociedade desconhece os riscos dessa prática, a qual pode ocasionar intoxicação, reações alérgicas, dependência e, em alguns casos, o óbito. Isso ocorre, sobretudo, devido à falta de informação populacional e ao fácil acesso a medicamentos. Com isso, estima-se, que apenas no Brasil as mortes em decorrência do uso de fármacos por conta própria atingem a marca de 20 mil por ano, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas. Assim sendo, nota-se que automedicação pode ser prejudicial à vida humana e propiciar o efeito adverso ao esperado.    Ainda nessa questão, é fundamental pontuar que, a ausência de um sistema de saúde adequado leva o paciente a procurar pelo medicamento, e não pelo pelo médico. Vale salientar que, isso advém da dificuldade de conseguir marcar consultas médicas nos postos de saúde, que encontram-se sobrecarregados, enquanto o sistema de saúde privado é uma opção restringida, em consequência dos elevados custos. Para corroborar, de acordo com o Conselho Federal de Medicina, há um médico para cada 470 brasileiros. Diante desse contexto, os cidadãos optam pela automedicação em virtude da praticidade, negligenciando a posologia, contraindicações e possíveis efeitos colaterais. Nessa lógica, observa-se, que a persistência dessa situação é produto de um sistema de saúde deficiente.    Nesse sentido, ficam evidentes, portanto, os elementos que colaboram com atual quadro negativo do país. Ao Ministério da Educação, cabe a elaboração de palestras sociais e rodas de conversas em escolas com profissionais da área da saúde, acerca dos riscos e danos que a medicação sem prescrição ou acompanhamento profissional pode causar, com o propósito de auxiliar a formação de uma geração de jovens conscientes e cuidadosos. É imprescindível, também, que a ANVISA aumente a fiscalização de farmácias e drogarias para verificar e coibir a venda de remédios sem prescrição médica, enquanto o Ministério da Saúde, através de políticas de incentivo, aumente a taxa de médicos disponíveis, elaborando um plano de carreira atrativo que estimule o preenchimento dos cargos vagos.