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Enviada em: 15/07/2018

“Hoje, um remédio para dor de cabeça. Amanhã, um remédio para dor no estômago e quantos mais dias e remédios forem necessários para que o alívio seja alcançado”. Com essas frases, o escritor brasileiro Irany Morais evidencia a perigosa realidade de boa parte dos brasileiros que optam pelo uso de remédios sem orientação médica e ignoram os riscos dessa prática . Atualmente, verifica-se que os perigos da automedicação no Brasil estão baseados nos casos de dependência medicamentosa e na deficiência do Estado em reverter esse cenário.   Em primeiro plano, é necessário entender que a automedicação causa vício nos indivíduos que de forma equivocada utilizam de tal estratégia. Certamente, o cidadão ao experimentar a facilidade de ingerir remédio e obter o alívio rápido sem a necessidade de passar por uma consulta medica internaliza que é capaz de administrar o uso de medicamentos e recorre inúmeras vezes a essa prática, tornando a maior parte dessas pessoas viciadas. Tal internalização é nociva num contexto social, pois ratifica o senso comum de que nem todo remédio precisa de orientação para ser usado e que perigos são quase nulos, ocasionando o aumento generalizado de casos de dependência medicamentosa no país. Prova disso é que segundo o Ministério da Saúde, mais de 24% da população brasileira é viciada em algum remédio que independe de receita médica,demonstrando, assim, a magnitude do problema.  Em segundo plano, a deficiência do Estado é preocupante em relação a esse perigoso cenário atual. Segundo o sociólogo, Karl Marx, “o Estado é fadado à deficiência”, esse pensamento relaciona-se a evidente situação nacional: o Estado inova por meio de leis que tentam diminuir a cultura da automedicação entre os brasileiros, porém, falha na efetivação das mesmas, tornando difícil reverter à situação. Prova disso é a lei federal 6360, que proíbe a promoção de medicamentos em canais de comunicação, mas, é usualmente desrespeitada pelas grandes indústrias farmacêuticas, que utilizam inclusive celebridades para promover os remédios e impor a ideia de que a automedicação é positiva e sem efeitos ruins, evidenciando a deficiência do estado em exigir o cumprimento das leis .  Dado o exposto, para que a celebre frase de Irany Morais esteja cada vez mais distante da realidade brasileira, algumas medidas são necessárias para solucionar os perigos da automedicação no Brasil. O Ministério da Saúde deve instituir campanhas publicitárias em todo o país de maneira frequente, nos hospitais públicos e postos de saúde, a fim de informar a população e diminuir os casos de dependência medicamentosa. Ademais, o Governo Federal, deve efetivar suas leis contra propagandas de remédios em canais de comunicação como na televisão e rádio de forma  eficaz,por meio de órgãos de controle que proíbam tais ações na mídia,visando mitigar todos os perigos apresentados.