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Enviada em: 21/07/2018

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), o Brasil teve 22 121 casos de intoxicação, no ano de 2000, provocados pelo uso indevido de remédios, quase um terço de todos os casos registrados. Dessa forma, percebe-se, que, à automedicação já é um problema de saúde pública no Brasil, seja pelo uso indevido do medicamento, assim como a busca pela cura imediata. Consoante ao médico e físico do século XVI Paracelso, “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose.” Sendo assim, o uso indevido de medicamentos pode mascarar e agravar doenças, causando diversos malefícios à saúde, além de provocar intoxicações. Nesse sentido, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em um único ano, foram registrados 26.386 casos, sendo que as crianças de 1 a 4 anos foram as mais afetadas. Logo, é irrefutável que as grandes redes de farmácia tem uma "culpa" muito grande porque atua como comércio e não como estabelecimento de saúde. Entretanto, a própria população tem sua parcela de culpa ao buscar o medicamento antes de se consultar, olhando na internet, comprando tarja vermelha sem receita. Outrossim, de acordo com pesquisa de 2016 feita pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 72% dos brasileiros se medicam por conta própria. Além do uso inadequado, muitos têm o hábito de aumentar as dosagens para obter alívio mais acelerado. Desta forma, a principal causa da automedicação talvez esteja relacionada a um aspecto cultural, em que tomar remédio por contra própria, sem a necessidade de ir até o médico alivia a dor de imediato. Em decorrência disso, o alivio imediato da dor após o uso de alguns medicamentos pode torna-se um vício, fazendo com que o paciente não viva mais sem o remédio. É peremptório, exaltar e divulgar a relevância de frequentar hospitais, unidades de pronto atendimento e postos de saúde é de suma importância para diminuir o uso abusivo de medicamentos os sem prescrição medica, o que, consequentemente, diminuirá o impacto das implicações da automedicação. Dessa forma, torna-se evidente que o consumo incontrolado de medicamento não é individual, mas sim da sociedade. Desta maneira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), deve aumentar a fiscalização sobre as vendas de remédios tanto de tarja vermelha como os de tarja preta, por meio da contratação de mais profissionais especializados, os quais ajudem a controlar o fluxo de vendas inadequados da automedicação com o intuito de diminuir uso incorreto de fármacos. A mídia também tem papel fundamental nessa perspectiva, já que frequentemente, observa-se propagandas de medicamentos e seus sintomas, o que induz ainda mais o consumo exacerbado. Como defendeu George Orwell, “a massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa”.