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Enviada em: 22/07/2018

Na primeira metade do século XX, Alexander Fleming, médico e bacteriologista escocês, descobriu acidentalmente o poder do fungo Penicillium no combate às bactérias, o que levou ao desenvolvimento do antibiótico denominado penicilina. Nesse sentido, atualmente, a automedicação tanto de bactericidas como dos demais remédios representa um risco à população, uma vez que os impactos gerados na saúde, na maioria dos casos, são maiores que os benefícios. Dessa forma, é válido analisar a falta de informação da nação e o sistema de saúde como fatores que impulsionam essa adversidade.        Em primeiro lugar, vale ressaltar que o uso autônomo de remédios é um entrave para a construção de uma sociedade mais saudável. Nesse aspecto, a facilidade de acesso à compra de medicamentos sem receituário e a desinformação populacional dos efeitos gerados contribuem para a problemática atual. Consequentemente, episódios de intoxicação são recorrentes no cenário mundial, como gastrite, ulceras e até a piora do quadro clínico do indivíduo. Assim, de acordo com a pesquisa do Ministério da Saúde, a automedicação levou para o hospital mais de 60 mil pessoas de 2010 a 2015. Desse modo, a frase do médico Paracelso "a diferença entre o remédio e o veneno é a dose'' é coerente com a situação da nação, uma vez que o uso autônomo dos fármacos promove o efeito adverso ao esperado.       Em segundo lugar, é fundamental pontuar que o sistema de saúde precário é um obstáculo para a diminuição da automedicação. Isso ocorre, visto que os postos de saúde encontram-se sobrecarregados o que gera uma dificuldade para marcar consultas no sistema público, enquanto o setor privado demanda altos custos e é restrito a uma pequena parcela da sociedade. Para ilustrar, segundo o Conselho Federal de Medicina há 1 médico para cada 500 brasileiros. Em consequência disso, cidadãos optam pela automedicação em razão da praticidade, negligenciando a posologia, contraindicações e possíveis efeitos colaterais. Dessa maneira, na atualidade, infelizmente, as pessoas procuram por remédios e não por médicos.       Tornam-se evidentes, portanto, os elementos que contribuem com o atual cenário negativo do país e a necessidade de mudanças imediatas. Ao ministério da Educação, cabe à elaboração de palestras sociais e rodas de conversas em escolas com profissionais da área da saúde, acerca dos riscos e danos que a medicação sem prescrição ou acompanhamento profissional pode causar, com intuito de auxiliar na formação de uma geração de jovens mais conscientes. Além disso, a ANVISA deve aumentar a fiscalização de farmácias para verificar e coibir a venda de remédios sem prescrição médica, ao passo que o Ministério da Saúde, mediante políticas de incentivo, aumente a taxa de médicos disponíveis, elaborando um plano de carreira atrativa, a fim de diminuir a automedicação.