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Enviada em: 31/07/2018

A automedicação consiste no uso de medicamentos por conta própria ou por indicação de pessoas não habilitadas. Esse fenômeno ganha destaque na contemporaneidade pela facilidade de acesso a essas substâncias pelos indivíduos, que, muitas vezes, passam a utilizá-las indiscriminadamente. Nesse sentido, fatores de ordem educacional, bem como econômica, caracterizam os dilemas dessa realidade no mundo moderno.    É importante pontuar, de início, a negligência escolar no caótico consumo de remédios sem o acompanhamento médico. À guisa do pensamento de Paulo Freire, a educação é capaz de transformar a sociedade, sendo as escolas fundamentais nesse processo. Entretanto, grande parte do meio estudantil brasileiro ignora nas salas de aula temas, como a questão da automedicação, essenciais para a construção de cidadãos conscientes. Nesse contexto, o desamparo das instituições de ensino frente aos medicamentos torna-se ainda mais preocupante quando se expõe a vulnerabilidade dos estudantes a essa prática, dada as pressões e cobranças próprias do meio estudantil e acadêmico, que podem desencadear diversos transtornos. Assim, muitos alunos, sem o auxílio escolar e até familiar, passam a utilizar de remédios sem uma orientação profissional, arriscando a saúde.    Outrossim, tem-se os interesses econômicos nos altos índices de automedicação. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o setor farmacêutico da indústria cresceu exponencialmente dadas as descobertas de tratamentos às doenças. Nesse sentido, na atualidade, o mercado de remédios exerce grande influência na sociedade, principalmente, pelas propagandas. Segundo a Anvisa, os comerciais dessas substâncias, ao associar noções de felicidade e realização a seus produtos, induzem e incentivam o consumo de medicamentos pela população. Essa prática, porém, é apontada como responsável por atrapalhar o diagnóstico médico e,  em alguns casos, promover a intoxicação e a morte dos indivíduos.    É notória, portanto, a relevância de fatores educacionais e econômicos na problemática supracitada. Nesse viés, é dever das escolas, em consonância com as famílias, orientar os jovens acerca dos riscos da automedicação. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de diálogos esclarecedores em casa, dar suporte aos estudantes e minimizar os casos de automedicação nesse grupo etário. Ademais, é dever do Governo, por intermédio dos órgãos responsáveis, reduzir a atuação da indústria farmacêutica nas propagandas que circulam no país. Essa intervenção deve contar com a criação de leis que regulem os comerciais de remédios nos veículos de comunicação a fim de desestimular o consumo indiscriminado desses produtos, diminuindo o fenômeno da automedicação.