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Enviada em: 14/10/2018

"O maior erro que o homem pode cometer é comprometer sua saúde a qualquer outra vantagem". Esse excerto do pensamento de Arthur Schopenhauer retrata a saúde como um fator primordial à humanidade. No Brasil contemporâneo, entretanto, vê-se que o uso imprudente de medicamentos se configura como um risco a tal homeostasia. Com efeito, a omissão social e estatal há de ser desconstruída.             Mormente, percebe-se que a falta de consciência da população corrobora o problema. Isso porque, em virtude do cenário capitalista e da rotina dinâmica, substancial parcela dos indivíduos opta por ingerir remédios desordenadamente. Ademais, a tecnologia tornou-se uma aliada, visto que as pessoas, geralmente, a utilizam com o fito de buscar informações e diagnósticos virtuais. Tal situação é persistente, expressiva e, conforme dados do portal G1, representa cerca de 90% da população. Por conseguinte, a adoção de medidas irresponsáveis, como o ato de ignorar as recomendações prescritas na bula, pode implicar o desenvolvimento da resistência microbiana e intoxicações.             De outra parte, nota-se que a ausência governamental é um catalisador da problemática. Consoante Zygmunt Bauman, certas organizações não exercem mais suas funções e, no entanto, conservam suas formas, ou seja, são "mortas vivas". De fato, a letargia do Estado perante a temática, consubstanciada na carência de políticas públicas e na negligência informacional, o classifica como uma "Instituição Zumbi". Desse modo, a supressão de investimentos impossibilita a fiscalização das farmácias e a acessibilidade de atendimento médico, sobretudo da parcela mais vulnerável da sociedade. Assim, é paradoxal que o Brasil almeje o status de nação desenvolvida, mas não assegure um direito que deve - ou deveria - ser comum a todos: a saúde.            Infere-se, portante, que a automedicação é um caso de saúde pública. Destarte, cabe ao Poder Público, principalmente na voz das prefeituras e do Ministério da Saúde, promover uma estrutura abrangente de combate à autoprescrição, por meio de uma ampliação dos recursos destinados ao setor de saúde - os quais serão revertidos na construção de programas sociais e palestras, em melhorias de infraestrutura e no supervisionamento, por agentes públicos, dos estabelecimentos farmacológicos - com vistas à consolidação de uma união harmônica e eficaz entre civis e legisladores, em que os direitos constitucionais serão respeitados. Inclusive, a atuação do Poder Público é essencial, pois essa entidade é responsável pela garantia e proteção dos interesses sociais. Dessa forma, os indivíduos tornar-se-ão mais dirigentes e não cometerão o "erro" abordado por Schopenhauer.