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Enviada em: 20/10/2018

Anteriormente à chegada dos europeus na América Latina, sabe-se que o continente era habitado exclusivamente pelos variados povos indígenas, pessoas estas que detinham - e ainda detêm - incríveis conhecimentos acerca da medicina natural. Com o intuito de prevenir e curar patologias, os nativos usufruíam das riquezas da fauna para se automedicarem e, consequentemente, melhorarem a qualidade de vida da tribo. Embora date de séculos atrás, a automedicação, em pleno século XXI, ainda é uma prática vivenciada pela humanidade, porém, em virtude da desinformação e manipulação midiática, essa prática tem ocorrido de forma irresponsável e provocado danos à saúde coletiva.       A priori, o apelo midiático exerce influência histórica na construção de um modo de vida pouco saudável. A esse respeito, os sociólogos Adorno e Horkheimer propuseram, no século XVII, o conceito de Indústria Cultural, segundo o qual há a tentativa midiática de padronizar os comportamentos da população e facilitar o consumo. Nesse contexto, a indústria farmacêutica tem se aproveitado da ignorância de grande parte da população e disseminado propagandas nas grandes mídias televisivas e digitais dos diversos tipos de remédios, o que resulta no consumo desenfreado desses produtos sem a orientação médica e, consequentemente, no surgimento de efeitos colaterais nocivos à saúde.       Outrossim, destaca-se a questão governamental e a sua administração como grande impulsionador da problemática. Segundo o filósofo Aristóteles, a política deve ser usada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. No entanto, é possível perceber que a ausência de políticas públicas eficientes que visem frear a automedicação irrestrita rompe essa harmonia, haja vista que o consumo irresponsável de antibióticos, por exemplo, tem permitido a seleção das chamadas "superbactérias", como foi o caso da bactéria "KPC", o que resulta na ineficiência definitiva de tais medicamentos para o tratamento humano. Dessa forma, enquanto o Estado não se posicionar a fim de resolver o problema, a sociedade continuará sofrendo as consequências nocivas de tal realidade.       Em suma, fica claro que a automedicação pode ser um problema para a humanidade, caso não seja realizada de forma responsável. É mister, portanto, que o Governo Federal haja com o intuito de promover a conscientização popular sobre os riscos dessa prática, além de conter o excesso de propagandas midiáticas que impulsionam o consumo de medicamentos sem a prescrição médica. Para isso, é fundamental que o Ministério da Saúde trabalhe a propagação de campanhas em todo o território nacional, nos meios digitais e televisivos, que evidenciem, através de discursos de médicos especializados, a importância do consumo consciente, além das sequelas que podem surgir, a fim modificar esse padrão social. Assim, haverá uma ampla melhoria na qualidade de vida da população.