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Enviada em: 23/10/2018

O primórdio da automedicação, no Brasil, surge no Período Colonial com os boticários: precursores das farmácias, medicamentos eram vendidos sem nenhum acompanhamento ou embasamento científico. Hodiernamente, o uso de remédios sem prescrição profissional é algo recorrente e crescente no país, diante da facilidade e massificação da compra, o que pode acarretar prejuízos na saúde da população em geral.    Diante dessa cultura da automedicação, é possível utilizar-se do fato social de Durkheim para explicá-la: completamente difundida entre os brasileiros, ela é coercitiva, isto é, influencia intensamente a reprodução desse tipo de comportamento, o que acoberta os perigos da prática por ser, portanto, considerada comum. Assim, muitas vezes impulsionada também pelo falho sistema de saúde e a falta de conhecimento geral, a automedicação mascara os sintomas de doenças mais graves, contribui para a proliferação das superbactérias e gera a morte de vinte mil pessoas por ano, no país, segundo a Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas.    Consoante aos fatos supracitados e utilizando-se da fábula "O lobo e o cordeiro",do grego Esopo, os inacreditáveis benefícios da autoprescrição são, constantemente, verdadeiros "lobo em pele de cordeiro". Tal comparação deve-se ao fato de alguns medicamentos, principalmente aqueles impulsionados pela Indústria Cultural, como os remédios para emagrecimento rápido e fácil. aparentarem serem milagrosos quando na verdade causam inúmeras reações maléficas ao organismo. Vale ressaltar que alguns desses possuem substâncias não aprovadas pelos médicos e podem levar a sequelas permanentes ou a morte do indivíduo.    Nessa perspectiva crítica, conclui-se, portanto, a necessidade de combater a prática indiscriminada da automedicação no Brasil. É imprescindível a promoção de campanhas publicitárias, realizadas pelo MEC em parceria com a mídia televisiva, redes sociais em massa como o Instagram e o Facebook e os próprios médicos, para educar e alertar sobre os perigos do uso irregular de medicamentos, de modo lúdico e acessível, com o fito de conscientizar a população e, à longo prazo, erradicar essa perigosa cultura. Faz-se também muito importante a ação do Ministério da Saúde, juntamente com a ANVISA, em enrijecer a fiscalização na venda de medicamentos que a princípio não precisariam de receita médica, como regulamentar a quantidade máxima de compra nas farmácias, com o objetivo de desincentivar a automedicação no país. Com tais medidas tomadas, talvez seja possível distanciar-se do Brasil Colonial e dos seus boticários.