Materiais:
Enviada em: 30/03/2019

Na República brasileira, a população do Rio de Janeiro viu-se obrigada, por entidades governamentais, a se imunizar diante do caos da varíola. Apesar de a vacina ser uma forma de imunização ativa, os cariocas estavam passivos à desinformação acerca dela. Com isso, o sistema de saúde pública brasileiro surge da autoridade estatal e do distanciamento entre população e agentes de saúde, fatos que reforçam o problema da automedicação. Assim, cabe a pergunta: qual o debate acerca desse fenômeno no século XXI?    Em primeiro plano, é certo que o atual modelo de saúde pública, aliado às diretrizes da Medicina Paliativa, põe em xeque as formas de combate à automedicação irresponsável. Isso porque o afastamento entre profissionais de saúde e povo, característica de uma ciência médica desumanizada que não objetiva a prevenção e, muitas vezes, incentiva o consumo abusivo de medicamentos, ratifica a ideia de que não é mais necessário consultar especialistas de saúde quando se tem, por exemplo, meios que corroboram para o autodiagnóstico e a automedicação, como a internet - o famoso "Dr. Google".    Outrossim, convém ressaltar que a venda banalizada de remédios cuja prescrição médica é obrigatória contribui para o problema da automedicação e de suas consequências. Conforme a ética de Aristóteles, qualquer ação humana deve levar em consideração o bem comum (bem-estar social). Sob esse viés, a sociedade brasileira, em geral, distancia-se de tal modo de agir, uma vez que ignora e banaliza o cuidado com o outro ao indicar e vender substâncias merecedoras de cautela e indicação de médicos. Por conseguinte, os efeitos colaterais tornam-se novos problemas, haja vista a ausência de prescrição da maneira correta de consumo. Ademais, complicações quanto a bactérias resistentes e antibióticos se perpetuam através dessa problemática.     Portanto, nota-se que a automedicação, no século XXI, é fruto da inoperância de um sistema obsoleto e do descaso governamental e social. Para que se reverta essa situação alarmante, o Governo, na figura do Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias de Saúde estaduais e municipais, deve promover a conscientização da sociedade, por intermédio de propagandas elucidativas a respeito dos perigos da automedicação e da importância de sempre consultar especialistas, e de fiscalizações relâmpago - como blitzs - a respeito da venda de remédios sem prescrição em farmácias. Só assim a ignorância acerca do bem comum da ética aristotélica será superada, e a saúde pública brasileira deixará de se distanciar da população como na República.