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Enviada em: 04/05/2019

No Egito Antigo, as práticas de saúde estavam inevitavelmente associadas à magia. Não havia distinção entre ciência e religião e, frequentemente, acreditava-se que as doenças haviam sido enviadas pelos deuses como uma espécie de castigo. Assim, os métodos indutivos e xamânicos, o hipnotismo e a interpretação de sonhos eram utilizados como mecanismos terapêuticos. Na atualidade, observa-se a correspondência das condutas egípcias com o emprego da automedicação, comumente utilizado pela população brasileira. Neste sentido, é fundamental que se discuta sobre os fatores corroborantes a essa problemática.       Em uma primeira instância, observa-se a importância de analisar o problema sob um viés quantitativo. Um levantamento realizado pelo Instituto Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ) revela que 76,4% dos brasileiros consomem medicamentos por conta própria. Os que adotam essa prática afirmaram, ainda, confiar em indicações de remédios feitas pela família, amigos, colegas de trabalho ou vizinhos. Percebe-se, portanto, a influência do advento social na persistência da prática da automedicação. O problema deriva não somente da desinformação acerca do funcionamento dos fármacos, mas também da falta de um controle de vendas mais rígido.        Outrossim, percebe-se que a lentidão do sistema público de saúde e, consequentemente, o distanciamento entre médico e paciente contribuem para o aumento da automedicação. Em uma reportagem publicada em junho de 2018, o Portal de Notícias G1, indica que 45% dos usuários do Sistema Único de Saúde estão na fila de atendimento há mais de seis meses esperando apenas por uma simples consulta ou exame. A automedicação se concebe, então como uma tentativa de contornar a demora. A ausência do acompanhamento de um profissional qualificado, no entanto, pode gerar o agravamento da doença, o que retarda o tratamento.           Desta forma, torna-se imprescindível a adoção de políticas mediadoras a fim de contornar essa realidade. A intervenção do Estado em prol da segurança de todos os cidadãos se torna concebível a partir do fortalecimento no controle das vendas de medicamentos. Ademais, é necessário que o Ministério da Educação promova um amplo investimento nos serviços de saúde com a implantação de clínicas ambulantes de atendimento imediato a fim de que possa se garantir um acesso mais rápido aos serviços de consulta e exames. Somado a isto, cabe à mídia fomentar o interesse da população pelo tema por meio campanhas de conscientização e propagandas. Destarte será possível desconstruir preceitos já consolidados e atenuar os impactos da automedicação na sociedade brasileira.