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Enviada em: 12/04/2019

Durante o Brasil república do início do século XX, ao criarem a revolta da vacina, os brasileiros demonstraram sua desconfiança quanto à medicina No entanto, apesar dos avanços de credibilidade, a área médica passa por outro período de ceticismo. Assim, é crescente a parcela da população que se automedica, ignorando recomendações médicas ou nem as procurando. Portanto, é necessário entender quais aspectos contribuem para o aumento dessa prática arriscada e prejudicial à saúde.       Em primeiro plano, é evidente que a inclusão digital é fator contribuinte para o autodiagnóstico – uma das causas da automedicação. Nesse sentido, cerca de 80% dos brasileiros buscam informações na rede, causando um aumento de 10% nas internações por reação alérgica a ingestão de medicamentos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS. Assim, tal relação demonstra como a internet potencializou esse comportamento já enraizado na sociedade. De fato, a ineficiência do Estado e do Conselho Nacional de Medicina como referenciais de credibilidade no imaginário popular, contribuiu para a busca de fontes paralelas e inconsistentes de diagnostico.       Além disso, o comportamento cíclico de consumo, com raízes familiares, alimenta a indústria farmacêutica bilionária. Assim, de acordo com o Jornal Brasil, as crianças são educadas, pelos seus pais desde cedo, a consumirem analgésicos e outros tipos de medicamentos sem a devida prescrição médica. Tal fato cria um mercado consumidor que impulsiona o crescimento de 11% ao ano da indústria de medicamentos, de acordo com a Sindusfarma. Diante disso, a influência econômica adquirida por esse setor inviabiliza ações de combate à cultura da automedicação. Certamente, é papel do Estado combater esse lobby em prol da saúde dos cidadãos.        Em suma, fica claro a importância da família e do Estado na desconstrução da cultura da automedicação. Por isso, é dever do Ministério da Saúde, por meio de projeto de lei, reverter 10% dos impostos arrecadados com analgésicos para campanhas de mídia anuais, de âmbito nacional, a fim de conscientizar a população sobre os riscos de se automedicar. Além disso, os municípios devem treinar os agentes de saúde para instruir famílias sobre a necessidade do acompanhamento profissional, de modo aumentar o vínculo e humanizar a relação entre a sociedade e os profissionais de saúde. Apenas assim, é possível dar continuidade ao trabalho iniciado por Oswaldo Cruz no século passado.