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Enviada em: 29/04/2019

Relatórios emitidos pelo Ministério da Saúde apontam que cerca de 90% da população brasileira consome medicamentos sem prescrição médica. Dentre as diversas razões que induzem essa prática estão os déficits no Sistema Único de Saúde e a facilidade com a qual um indivíduo compra medicamentos nas farmácias populares. Consequentemente, ocorre o uso indiscriminado de remédios que pode ocasionar uma série de complicações à saúde, entre as quais o surgimento de superbactérias configura talvez o risco mais alarmante.       É importante salientar que as carências existentes no SUS e o fácil acesso aos medicamentos constituem problemas persistentes no Brasil. A escassez de profissionais habilitados a prescrever remédios e as longas filas nos postos são falhas que desmotivam as pessoas a procurarem ajuda médica. Acrescido a isso, farmácias sem fiscalização possibilitam ao indivíduo o consumo desenfreado de medicamentos, muitas vezes recomendados por prescritores leigos (família, amigos, vizinhos) ou pela internet.       De modo consequente ao uso indiscriminado de remédios, tem-se uma série de complicações que afetam a saúde humana. Ainda que a morte seja um efeito extremo decorrente da automedicação, a infecção por superbactérias também é uma consequência alarmante, uma vez que a possibilidade de contágio é um fator de risco para a população. Para comprovar essa afirmação, de acordo a Organização Mundial da Saúde, em 2050, aproximadamente 10 milhões de pessoas morrerão em decorrência das superbactérias, que são resistentes aos antibióticos mais potentes. Além de infecções, o indivíduo que se automedica é exposto a problemas como alergia, dependência química e intoxicação.       Assim sendo, é imprescindível que o Ministério da Saúde - órgão responsável pelo planejamento e implantação de políticas nacionais de saúde - aperfeiçoe o diagnóstico clínico nas unidades e postos de saúde, por meio da criação de triagens clínicas, a fim de viabilizar ao cidadão uma assistência médica de qualidade. Ademais, compete à Anvisa ampliar e potencializar a fiscalização em farmácias, por intermédio de multas em caso de descumprimento das normas exigidas para a venda de medicamentos, com o fito de erradicar a compra de determinados remédios sem prescrição médica. É necessário que falhas como essas sejam sanadas, pois como afirmou o médico Drauzio Varella, é vergonhoso perceber que uma vida esvai-se em decorrência de um descaso social.